Desenvolvimento sustentável, consumo e cidadania: um estudo sobre a (des)articulação da comunicação de organizações da sociedade civil, do estado e das empresas

Abstract

O consumo, na contemporaneidade, cumpre diferentes funções e implica múltiplas referências como construção social, porém, nos padrões atuais, é insustentável, tanto na perspectiva ambiental quanto da construção de direitos e da cidadania. Para compreender os desafios da construção de ações e políticas capazes de renovar as práticas de consumo, problematizam-se neste artigo as respostas aos dilemas do consumo construídas por atores da sociedade civil, do Estado e do mercado. O consumo sustentável se configuraria como uma das possibilidades de tratamento dos impactos do consumismo, pois envolve mudanças de atitude aliadas à necessidade de transformação do sistema das atitudes e dos valores dos cidadãos. Apesar de ainda não se observar a predominância de um novo modelo civilizatório capaz de superar os dilemas da sociedade do consumo, existem alternativas para promover a sustentabilidade. Esse esforço sugeriria a construção de articulações entre diferentes grupos, quer seja do governo, quer da sociedade civil, quer do mercado, para atender às demandas da população e adotar boas práticas de produção e consumo sustentáveis, por meio da ação política e do exercício da cidadania. Na pesquisa empírica, de abordagem qualitativa, com entrevistas em profundidade e análise descritiva, percebeu-se que a comunicação para a construção de discursos e práticas politicamente corretos para o consumo, por parte dos atores pesquisados, para torná-lo sustentável, nem sempre abarca a complexa relação que envolve o meio ambiente nas esferas pública e organizacional. Muito presente nos textos de relatórios empresariais, o desenvolvimento sustentável não é percebido na prática organizacional cotidiana. Nesse contexto, descortinam-se diferentes dramas e tramas da cidadania socioambiental que podem dar novo sentido às lutas ambientais no campo do consumo, bem como encobrir as armadilhas de um discurso ambientalmente correto, mas politicamente frágil.

Papéis Das Empresas E O Consumo Sustentável Na Visão De Especialistas Brasileiros

“…A proposta não é focar apenas na prática individual do consumidor ou em inovações tecnológicas, mas promover mudanças estruturais mais amplas que contemplem aspectos políticos, institucionais e de mercado, seguindo a lógica de responsabilidade compartilhada, de modo a criar um contexto favorável para que os padrões e níveis atuais de consumo se tornem mais sustentáveis (Consumers International;MMA;Idec, 2005;Jackson, 2006;Costa & Teodósio, 2011;Lorek & Spangenberg, 2014). O consumo sustentável não é apenas o consumo de produtos sustentáveis, mas envolve várias atividades nos diferentes estágios do processo envolvido na produção primária até o consumo final (Liu, Oosterveer, Spaargaren, 2016).…”

A percepção de valor no consumo de produtos tecnológicos convergentes com atributos verdes

“…Sustainable consumption is likely to be broader compared to other types of consumption (conscious, ethical, green), because, in addition to technological innovations and changes in individual choices of consumption, it emphasizes collective actions and political, economic, and institutional changes to make patterns and levels of consumption more sustainable (Viegas & Teodósio, 2011;Echegaray, 2016). More than an action strategy to be implemented by consumers, sustainable consumption is a goal to be achieved (Olson, 2013).…”

“…More than an action strategy to be implemented by consumers, sustainable consumption is a goal to be achieved (Olson, 2013). More specifically, if someone can say "I am green consumer," or "I am a conscious consumer," there would be no point in saying "I am a sustainable consumer" (Viegas & Teodósio, 2011;Echegaray, 2016).…”

“…This agenda contained an entire chapter on "changing consumption patterns", laying the groundwork for the development of more sustainable consumption patterns and suggesting the objective of developing production and consumption patterns that minimize environmental impacts and meet the basic needs of society, as well as providing a better understanding of the role of consumption and sustainable consumption patterns (Viegas & Teodósio, 2011;Schuitema & De Groot, 2015;Echegaray, 2016).…”

A Consciência Ambiental E as Atitudes De Consumo Sustentável De Estrangeiros

“…Na literatura, encontram-se diversos estudos (por exemplo: KINNEAR; TAYLOR, 1972;BEDANTE, 2004;PORTILHO, 2005;BERGER;CUNNINGHAM;DRUMWRIGHT, 2006;TEODÓSIO, 2011;SANTOS;SILVA, 2011;GORNI;GOMES;DREHER, 2011;SOUZA, 2012;ARANCIBIA, 2012) que focaram em identificar o perfil do consumidor ambientalmente consciente, bem como variáveis psicográficas e comportamentais deste consumidor. Como forma de verificar uma lacuna teórica, esse estudo objetiva identificar a consciência ambiental e as atitudes de consumo sustentável no âmbito internacional.…”