ReSumoEste artigo propõe a noção etnográfica e situada de transletramentos. Argumentamos que transletramentos são práticas de uso social da escrita que replicam e deslocam experiências de socialização mediadas por essa tecnologia e adquiridas em diversas agências de letramentoportos de passagem como a escola, a igreja, a família, o grupo musical, os coletivos políticos. Baseados em evidência empírica de nossa pesquisa sobre letramentos, produção cultural e regimes metapragmáticos no Complexo do Alemão/RJ e no diálogo com Raphael Calazans e Janaína Tavares, jovens que transitam por diferentes espaço-tempos sociais, propomos ainda que transletramentos são metáforas importantes para entender a questão da sobrevivência. Ao extrapolar circunscrições como vida e morte, escola e sociedade, estado democrático e estado penal, a sobrevivência nos permite trazer à tona reflexões sobre as estratégias que os sujeitos subalternizados encontram para escrever as suas próprias histórias. Palavras-chave: transletramentos; letramentos de sobrevivência; etnografia linguística.
AbSTRACTThis article proposes the ethnographic metaphor of transliteracies. We understand transliteracies as practices of social use of writing which replicate and displace experiences * Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil. adrianaclopes14@ gmail.com ** Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis (SC), Brasil. dnsfortal@gmail.com *** Museu Nacional -Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil.adriana.facina2@gmail.com **** Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil. calazaaaans@gmail. com ***** Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil. janaa.tavaresv@gmail.com of socialization mediated by the technology of writing and acquired in multiple literacy agencies -transit points such as the school, the church, the family, the musical group, the political group. Based on empirical evidence from our research on literacies, cultural production and metapragmatic regimes in the Complexo do Alemão/RJ and on the dialogue with Raphael Calazans and Janaína Tavares, youths who circulate around different social time-spaces, we also argue that transliteracies are important metaphors to understanding the question of survival. While exceeding modern boundaries such as life and death, school and society, rule of law and penal state, survival permits that we think about the strategies devised by subaltern subjects in their inscribing of their own histories.