Disparidades em saúde da população LGBTQIA+: a atuação médica frente a este cenário

Abstract

O presente estudo buscou analisar, por meio de uma revisão de literatura, a qualidade do atendimento médico à população de lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais (LGBTQIA+) sob a perspectiva da assistência humanizada, e destacou as demandas por uma assistência à saúde abrangente e equitativa a esse público. O artigo analisa os aspectos que determinam a não inclusão dessa minoria aos serviços de saúde, as situações de vulnerabilidade pelas quais a comunidade LGBTQIA+ é submetida, além de avaliar a qualificação profissional no atendimento à essa população, principalmente no âmbito da Atenção Primária à Saúde. Verificou-se que este grupo permanece sujeito a cuidados de saúde estereotipados e com base no sistema binário de sexualidade, o que leva a um atendimento preconceituoso e tendencioso por parte dos profissionais da saúde. Portanto, apesar dos avanços em relação à demanda do público LGBTQIA+, o profissional deve estar preparado para oferecer serviços à essa minoria, e é importante que seja introduzido durante a graduação. Também é essencial prestar assistência livre de crenças pessoais e viés ideológico para que seja possível disponibilizar um cuidado equitativo, acessível e centrado na pessoa e sua família, assim como determina os princípios do Sistema Único de Saúde.

Perfil De Intoxicações Pela Utilização De Benzodiazepínicos E Barbitúricos Na Paraíba No Ano De 2020

“…O desconhecimento médico sobre gênero e sexualidade, a falta de compreensão e preconceito, pode gerar deficiência no histórico médico do paciente ou um exame físico incompleto. Estudo recente demonstrou que alguns indivíduos possuem medo de falar sua orientação sexual para o médico, devido a experiências prévias negativas, uma vez que, o médico altera o modo de atender o paciente, quando descobre a orientação sexual do mesmo (MIRANDA et al, 2020). Muitos profissionais de saúde desconhecem, por exemplo, a necessidade de preenchimento da Ficha de Notificação Compulsória, em caso de atendimento a situações de violência contra essas pessoas no território de abrangência da Unidade Básica de Saúde (COSTA-VAL et al, 2022).…”

Saúde um direito de tod(e)s? Impasses encontrados pela população LGBTQIA+ no âmbito da Atenção Primária à Saúde

“…A disseminação da APS na última década possibilitou uma cobertura populacional de aproximadamente 74% no território brasileiro, e contribuiu significativamente para o regresso dos indicadores de morbimortalidade. Ademais, A Rede de Atenção à Saúde (RAS), por meio da APS, trouxe consigo um cenário favorável para o desenvolvimento do cuidado contínuo, longitudinal e coordenado na saúde pública (Miranda et al, 2020;Cantalino et al, 2021) No entanto, essa rede de atenção do SUS traz consigo certa heterogeneidade advinda do contexto histórico das políticas de saúde no Brasil o que, consequentemente, implica em divergências nas prioridades de saúde. Além disso, essa inconstância torna a análise do sistema ainda mais complexa, causando também insatisfações aos usuários (Campos et al, 2020;Cantalino et al, 2021).…”

“…Vale ressaltar também que existe ausência debates sobre a diversidade sexual e de gênero em espaços os quais ainda se mostram desconfortáveis, estagnando os índices de violência institucionalizada, no que se refere à singularidade dos sujeitos e diversas opressões sociais (Miranda et al, 2020;Ferreira et al, 2020).…”

The medical education and health care for the LGBTQIA+ population

“…Discussions related to the particularities and demands of the population in question, that should focus on comprehensive care and health promotion, in Brazil, are still considered major challenges to be faced. This is due to the history of health care addressed to LGBTQIA+ people, which, as a priority, includes the prevention and treatment of Sexually Transmitted Infections (STIs) instead of other demands (Valenzuela-Valenzuela & Cartes-Velásquez, 2021;Miranda et al, 2020).…”