RESUMOTema: refletir sobre uma faceta da constituição da relação mãe-bebê, que se fez presente no uso criativo da voz cantada da mãe, na comunicação com o seu bebê. Procedimentos: o único sujeito desse estudo é uma mãe, que se submeteu a oito sessões de terapias corporais associadas à emissão da voz cantada, sempre dirigidas ao bebê; as sessões transcorreram com a possibilidade de expressão livre pela fala e gesto da mãe e a escuta do terapeuta. Resultados: o quadro que a mãe apresentava em relação ao seu bebê, no início do tratamento, se encaixa na descrição de depressão pós-parto. Após as sessões, a mãe conseguiu estabelecer contato com seu bebê, de modo prazeroso; por meio da emissão da voz cantada, ela estabeleceu a primeira forma de comunicação e não mais apresentou o quadro de dor e perda da voz. Conclusão: a possibilidade de reconhecimento, do bebê por sua mãe, teve a corporeidade como aliada, na conjunção dos corpos da mãe e do bebê, o que favoreceu o estabelecimento de uma comunicação com sintonia de ritmos, por meio da entoação de música cantada, que levou à constituição do bebê enquanto pessoa integrada.
DESCRITORES:Relações Mãe-Filho; Recém-Nascido; Comunicação; Voz no final da gestação e nas semanas que sucedem o parto. Compara-se a uma doença, uma dissociação, um estado esquizóide que é considerado normal durante esse período. A expressão "mãe dedicada comum" designa a mãe capaz de vivenciar esse estado, e desempenhar, naturalmente, as tarefas da maternidade, temporariamente alienada de outras funções, sociais e profissionais, trata-se de uma condição psicológica muito especial, de sensibilidade aumentada
.No entanto, existem exceções! Algumas mães têm dificuldade em oferecer estes cuidados aos seus bebês em função da depressão pós-parto, que é caracterizada por período de risco psíquico aumentado na mulher, que dificulta o estabelecimento de um vinculo afetivo seguro entre mãe e bebê, que pode interferir nas futuras relações estabelecidas pela criança 2 . O bebê quando nasce é um ser indefeso e incapaz de sobreviver, por meio de seus próprios recursos, portanto, o que lhe falta deve ser suprido por um adulto cuidador. Muito mais do que alimentação e higiene, o bebê necessita de contato afetivo continuo advindo de uma figura constante, com a qual estabelece relações de apego e que assegura e favorece o seu desenvolvimento biopsíquico 3 .
Trabalhos recentes
4-6, dentro da psicanálise e da fonoaudiologia, têm desenvolvido diferentes
INTRODUÇÃOEste estudo é o relato de uma intervenção terapêutica que visou a integração corpo e voz (principalmente voz cantada), junto a uma mãe, que não conseguia estabelecer vinculo com seu bebê recém nascido, e sofria de padecimentos corporais, manifestados através de dores e perda da voz, todas as vezes que tentava se comunicar com o seu bebê.Esse é um estado psicológico especial, um modo típico que acomete as mulheres gestantes