OBJETIVO: Apresentar o conhecimento sobre efeitos biológicos dos campos eletromagnéticos, detalhes da absorção da energia dos campos de micro-ondas na criança, efeitos da exposição a esses campos no período pré e pós-natal e impacto do uso dos telefones celulares no sistema nervoso central e no comportamento de crianças. FONTES DE DADOS: Trabalhos em língua inglesa publicados entre 2004 e 2009 e indexados na base de dados PubMed com os unitermos: "crianças", "telefones celulares" e "micro-ondas". SÍNTESE DOS DADOS: Telefones celulares emitem radiofrequência na faixa de micro-ondas, cujos efeitos biológicos podem ser térmicos (aquecimento dos tecidos) ou não térmicos (estresse oxidativo e mudanças na conformação da cromatina). Pesquisas experimentais sugerem que a dissipação da energia de radiofrequência nos tecidos seria maior na criança do que no adulto. Em ratos, a exposição pré-natal à radiofrequência em níveis não térmicos não produz efeito teratogênico ou mutagênico, nem aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica ou da expressão de heat shock proteins no encéfalo. Não há evidência de efeito nocivo da radiação dos celulares na cognição de crianças. Fazer ligações ou enviar mensagens de texto no horário noturno aumenta a probabilidade de sonolência diurna em adolescentes. Crianças que usam mais o celular podem ter déficit de memória e comportamento impulsivo. CONCLUSÕES: Não está comprovado que a exposição à radiação dos celulares, pré ou pós-natal, dentro dos limites de segurança para humanos, induz dano ao desenvolvimento do sistema nervoso central. Entretanto, padrões culturais relacionados à posse e uso dos aparelhos influenciam o comportamento de crianças e adolescentes e podem provocar distúrbios do sono.