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ResumoA historiografia sobre o processo de urbanização no Brasil no período colonial pautou-se, em geral, pelo estudo das vilas e cidades em detrimento dos demais núcleos de povoamento que pontuavam territórios cumprindo diferentes papéis. Lugares, arraiais, capelas, freguesias, julgados, bairros rurais, aldeias indígenas, aldeamentos missioneiros, pousos, registros, passagens, barreiras, fazendas, sítios, currais e fortalezas ficaram obscurecidos em meio à rarefeita rede de vilas e cidades. A historiografia tampouco deu atenção à natureza da multifacetada teia de comunicação que articulava esses núcleos -rios, córregos, veredas, trilhas, caminhos e calçadas -que permitiam ou dificultavam fluxos e contatos interregionais, em meio à difícil e plural geografia física e humana que até hoje caracteriza as nossas diversas paisagens culturais. Uma série de mapas presta-se de maneira exemplar à reconstituição de uma trama perdida no tempo, por meio de recursos de informática contemporâneos, propiciando estudos quantitativos mais pormenorizados que certamente fundamentarão um olhar qualitativo mais minucioso com foco nas dinâmicas e práticas cotidianas, no ritmo das viagens, na distância entre as localidades, nas dificuldades de contato, no fluxo dos rios, nas barreiras impostas pela topografia e a vegetação ou por grupos humanos, nos pontos de paragem para descanso e pedágio, etc. A visão de conjunto propiciada pelo exame de certos mapas permite assim reconceituar noções como a de "rede" e de "urbano" no Brasil-Colônia, analisando aspectos gerais e especificidades regionais, as diversas escalas, modalidades e temporalidades, propiciando novas hipóteses sobre enraizamento e mobilidade no processo histórico de ocupação e devassamento do território colonial. Estudos dessa natureza realizados por uma nova safra de autores podem assim nos ajudar a responder a pergunta que orienta este artigo: em que medida a colonização do Brasil foi mais urbana e menos arquipelágica do que parecia à primeira vista? Palavras-chaveArqueologia da Paisagem. Cultura Material. Urbanização. Rede Urbana. Mobilidade. Iberoamerica. Séculos XVII-VIII. For a Landscape Archeology: mobility and rooting in American perspective AbstractThe historiography of urbanization in colonial Brazil has largely focused on towns and cities rather than other types of settlements that fulfilled different roles. Localities, camps, chapels, parishes, townships, hamlets, indigenous villages, missionary settlements, landings, passages, barriers, farms and ranches, corrals and fortresses have been overshadowed by a rarefied network of towns and cities. Nor has this historiography examined the multifaceted web of routes between clusters , such as the rivers and waterways, highways and byways, and trails that facilitated or hindered interregional traffic and contacts across obstructive and pluralistic physical geography that even today characterizes our diverse cultural landscape. A series of maps are used to reweave a mesh that had been lost in time; contemporary IT resource...
ResumoA historiografia sobre o processo de urbanização no Brasil no período colonial pautou-se, em geral, pelo estudo das vilas e cidades em detrimento dos demais núcleos de povoamento que pontuavam territórios cumprindo diferentes papéis. Lugares, arraiais, capelas, freguesias, julgados, bairros rurais, aldeias indígenas, aldeamentos missioneiros, pousos, registros, passagens, barreiras, fazendas, sítios, currais e fortalezas ficaram obscurecidos em meio à rarefeita rede de vilas e cidades. A historiografia tampouco deu atenção à natureza da multifacetada teia de comunicação que articulava esses núcleos -rios, córregos, veredas, trilhas, caminhos e calçadas -que permitiam ou dificultavam fluxos e contatos interregionais, em meio à difícil e plural geografia física e humana que até hoje caracteriza as nossas diversas paisagens culturais. Uma série de mapas presta-se de maneira exemplar à reconstituição de uma trama perdida no tempo, por meio de recursos de informática contemporâneos, propiciando estudos quantitativos mais pormenorizados que certamente fundamentarão um olhar qualitativo mais minucioso com foco nas dinâmicas e práticas cotidianas, no ritmo das viagens, na distância entre as localidades, nas dificuldades de contato, no fluxo dos rios, nas barreiras impostas pela topografia e a vegetação ou por grupos humanos, nos pontos de paragem para descanso e pedágio, etc. A visão de conjunto propiciada pelo exame de certos mapas permite assim reconceituar noções como a de "rede" e de "urbano" no Brasil-Colônia, analisando aspectos gerais e especificidades regionais, as diversas escalas, modalidades e temporalidades, propiciando novas hipóteses sobre enraizamento e mobilidade no processo histórico de ocupação e devassamento do território colonial. Estudos dessa natureza realizados por uma nova safra de autores podem assim nos ajudar a responder a pergunta que orienta este artigo: em que medida a colonização do Brasil foi mais urbana e menos arquipelágica do que parecia à primeira vista? Palavras-chaveArqueologia da Paisagem. Cultura Material. Urbanização. Rede Urbana. Mobilidade. Iberoamerica. Séculos XVII-VIII. For a Landscape Archeology: mobility and rooting in American perspective AbstractThe historiography of urbanization in colonial Brazil has largely focused on towns and cities rather than other types of settlements that fulfilled different roles. Localities, camps, chapels, parishes, townships, hamlets, indigenous villages, missionary settlements, landings, passages, barriers, farms and ranches, corrals and fortresses have been overshadowed by a rarefied network of towns and cities. Nor has this historiography examined the multifaceted web of routes between clusters , such as the rivers and waterways, highways and byways, and trails that facilitated or hindered interregional traffic and contacts across obstructive and pluralistic physical geography that even today characterizes our diverse cultural landscape. A series of maps are used to reweave a mesh that had been lost in time; contemporary IT resource...
A história das cidades brasileiras no período colonial, em grande medida, foi escrita a partir dos seus aspectos formais. As imagens de “abandono” e “desleixo”, cunhadas por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil(1936, 1948), motivaram gerações de pesquisadores a investigar a morfologia desses núcleos, buscando padrões de regularidade e ortogonalidade. Se muita atenção foi dada aos aspectos planimétricos, pouca ou nenhuma foi dada aos aspectos volumétricos e à materialidade enquanto fonte histórica. A dimensão material das relações sociais, com raras exceções, permaneceu em segundo plano, como simples cenário. Pouca atenção foi dada à sua dimensão potencializadora de novas relações sociais e, assim, ao mesmo tempo, produto e vetor em constante relação dialética. Visualizar a materialidade de núcleos históricos não é tarefa fácil, exige metodologia e instrumentos específicos mobilizados em perspectiva regressiva, envolvendo o entrecruzamento de documentação variada. Nos últimos anos, uma nova safra de estudos vem lançando luz em evidências empíricas que merecem debate por seu ineditismo e por conspirarem para uma necessária releitura da materialidade das cidades brasileiras coloniais, inclusive nas suas interfaces com o mundo rural envoltório. Valendo-se de fontes textuais com acentuada dimensão visual, espacializadas em cartografias regressivas por meio de novos aportes tecnológicos, inclusive o SIG (Sistema de Informação Geográfica), esses estudos dão a ver o que de outra forma não se vê, com foco em índices materiais que informam sobre relações sociais e sobretudo sobre processos de acumulação desiguais de tempos, em perspectiva histórica de longa duração. A cidade discutida enquanto artefato, produto e vetor da ação humana, é assim um campo privilegiado de análise em História Urbana, tema do presente artigo, que visa demonstrar alguns resultados interessantes e ainda inéditos nessa linha de investigação que estamos tendo o privilégio de constituir um grupo de pesquisa (BUENO, 2004, 2005, 2016; ANDRADE, 2012; ARRAES, 2017; BORSOI, 2013; BRAGHITTONI, 2015; KATO, 2011 e 2017; MOURA - tese em andamento). Numa espécie de Arqueologia da Paisagem Urbana, ensaiamos reconstituir a materialidade de cinco núcleos urbanos coloniais – São Paulo, Santos, Cunha, Vila Boa e Oeiras do Piauí– com vistas a detalhar nossa metodologia de pesquisa, apontando caminhos promissores para o campo disciplinar em debate no presente Dossiê.
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