O presente estudo reflete acerca do conceito de identidade e da percepção identitária de sujeitos do campo a partir de um estudo feito após a realização de uma atividade pedagógica com estudantes de uma escola situada no campo. Para tanto, o escrito ancora-se em aporte teórico referente ao campo da Sociologia para tratar sobre identidade (Stuart Hall, 2005, 2006); Zygmunt Bauman (1999, 2003, 2005) e Roger Chartier (1991)) e da Educação para abarcar a Educação do Campo (Miguel Arroyo, 1999, 2011); Roseli Caldart (2011) e Ângela Pires (2012)). Sob a égide da análise do discurso baseada em Eni Orlandi (2013), os dados desvelaram que os sujeitos participantes sentem dificuldade em se perceberem assemelhados às características apresentadas pelo personagem do campo – Chico Bento – nos desenhos animados e se sentem confortáveis em se aproximarem da imagem do sujeito da cidade – Zeca, primo de Chico Bento que reside na zona urbana. Os discursos demonstraram, ainda, a existência do fenômeno Tradução presente nas falas e representações dos sujeitos, sendo ele legitimado pelo currículo invisibilizador dos modi vivendi e operandi dos viventes do campo, que, por intermédio dos elementos presentes no cotidiano e na cultura escolar, têm o sentimento de pertencimento solapado à medida que a valorização dos modi vivendi e operandi do espaço urbano sobrepuja o espaço rural.