Este texto tece relações entre o trabalho temporário e a gestão da empresa cafeeira no Oeste Velho paulista entre 1890 e 1915. Uma importante característica da atividade econômica na agricultura é a sazonalidade e a inconstância na demanda por trabalho. Essa característica leva à necessidade de utilização de mão de obra temporária para as tarefas que são sazonais, a fim de possibilitar a adequada gestão dos custos da empresa agrícola. Sabe-se que, a partir de meados da década de 1950, o trabalho temporário é exacerbado na lavoura paulista, com o advento do trabalho volante. Este artigo estuda o trabalho temporário, portanto, num período anterior à sua exacerbação. Defende a ideia de que o sistema de trabalho que se seguiu à escravidão nas fazendas de café em São Paulo deve ser pensado como uma associação entre colonato e trabalho temporário sazonal, sendo este último também importante para estruturar a atividade produtiva e não uma categoria de trabalho marginal, como parte da bibliografia costuma classificá-lo. Nossa tese é que esse arranjo (colonato + trabalho temporário sazonal) permitiu que a empresa rural cafeeira driblasse o problema da rigidez da mão de obra frente à sazonalidade da agricultura, garantindo possibilidade de flexibilidade dos fatores de produção e dos custos com trabalho.