Na trajetória histórica de ocupação negra da Amazônia, as festas de santos tiveram um papel importante para a formação dos quilombos, propiciando momentos de relaxamento que favoreceram fugas coletivas através de rios e florestas, assim como a organização sociopolítica e reprodução cultural dos grupos negros. Dentre os diversos santos celebrados por tais grupos, São Benedito recebe especial atenção em inúmeros festejos, em toda a calha do Rio Amazonas. Neste artigo são abordadas três festividades seculares realizadas em louvor a esse santo, em três municípios de forte presença negra na região do Baixo Amazonas Paraense: a festa do aiuê, do quilombo Jauari, em Oriximiná; a festa do marambiré, do quilombo Pacoval, em Alenquer; e festa do gambá, da cidade de Almeirim. Propõe-se, a partir dos três contextos etnográficos, discutir a importância das festas na elaboração étnica e territorial das presenças negras na Amazônia.