Ainda que a produção antropológica resulte de relações de aprendizado com pessoas, práticas e lugares, essas experiências tendem a ser negligenciadas quando se ensina antropologia nas universidades. Considerando a educação como um desígnio fundamental da antropologia, este artigo pretende mostrar a importância de deslocar os processos de aprendizado para os lugares onde a vida das pessoas se realiza. Tomando como referência ações pedagógicas realizadas junto a duas comunidades quilombolas da Grande Salvador, propõem-se aqui pedagogias colaborativas em antropologia. A intenção é, por um lado, mostrar que o ensino de antropologia pode estar a serviço das demandas comunitárias, garantindo a representatividade epistêmica de pessoas, práticas e lugares que engajamos no fazer antropológico; e, por outro lado, assumir o ensino como compartilhamento de experiências no mundo, tensionando os cânones pedagógicos centrados na autoridade docente, livresca e da sala de aula. Nesse sentido, aulas abertas nas comunidades, caminhadas nos territórios e participação nas vivências comunitárias podem servir de instrumentos pedagógicos imprescindíveis ao aprendizado antropológico. Ao corresponder as práticas comunitárias aos modos de ensinar antropologia, veremos que as pedagogias colaborativas contribuem para o mais importante desígnio dessa ciência: a compreensão das pessoas e do mundo que vivem(os).