Este artigo inicia uma reflexão acerca da expansão da pecuária pelo Brasil centro-oriental empregando, para tanto, alguns artefatos produzidos no encontro entre bois e povos indígenas na região. Com o objetivo de provincializar a grande narrativa do ‘ciclo econômico do gado’, o texto argumenta pela necessidade de análises contextualmente específicas da chegada ou introdução dos bois entre distintos grupos ameríndios. Sugere, nesta linha, que a imagem do gado expulsando índios e ocupando os espaços deixados pela extinção ou fuga não corresponde à variedade de experiências de contato com a chamada ‘frente de expansão pastoril’, que podem ter incluído, por exemplo, a incorporação cerimonial desses ruminantes – ou de partes de seus corpos, como seus chifres – na forma de instrumentos musicais. Alguns desses objetos são analisados aqui, com o intuito de sustentar que qualquer investigação sobre os ambientes co-constituídos por humanos e não humanos no Brasil deve incluir as espécies exóticas introduzidas.