RESUMO -Com o objetivo de mostrar as características da neurocisticercose (NCC) no Brasil, realizou-se análise critica da literatura nacional que mostrou incidência de 1,5% nas necropsias e de 3,0% nos estudos clínicos, correspondendo a 0,3% das admissões em hospitais gerais. Em estudos soroepidemiológicos, a positividade para cisticercose foi de 2,3%. O paciente brasileiro com NCC pode apresentar um perfil clínico-epidemiológico geral (homem, 31-50 anos, procedência rural, manifestações epilépticas parciais complexas, LCR normal ou hiperproteinorraquia, calcificações ao exame de TC, constituindo a expressão da forma inativa da NCC) e outro de gravidade (mulher, 21-40 anos, procedência urbana, manifestações de cefaléia vascular e HIC, típica síndrome do LCR ou alteração de dois ou mais parâmetros, vesículas associadas ou não a calcificações ao exame de TC, constituindo a expressão da forma ativa da NCC). Os coeficientes de prevalência nacionais são muito subestimados, embora em duas cidades do interior de São Paulo tenham sido verificados os valores de 72:100.000 e 96:100.000/ habitantes. Discutem-se aspectos relacionados à subestimação da prevalência desta neuroparasitose no Brasil. Cisticercose, infecção pela forma larvária metacestóide do parasita Taenia solium, desencadeando reações inflamatórias tanto ao redor do parasita como à distância do mesmo, é um grave e negligenciado problema de Saúde Pública. Os embriões podem alcançar qualquer tecido, porém mostram um grande tropismo (79-96%; mediana= Md= 89%) pelo sistema nervoso central (SNC) 1,2 . A manifestação, ou não, de sintomas é resultante da interação parasita-hospedeiro e depende da intensidade na resposta inflamatória do hospedeiro. . .
PALAVRAS-CHAVE. . Os fatores que contribuem para a natureza endêmica do complexo teníase/cisticercose são muitos e complexos, mostrando estreita relação de dependência com os há-bitos de higiene pessoal, familiar e ambiental. Antecedente de teníase familiar é verificado em 22-34% dos pacientes com NCC, embora a positividade do exame coproparasitológico para Taenia sp. seja detectada em apenas 0-1,7% (Md= 1,3%) dos pacientes e em 4,3-5,4 % de seus familiares 1,[3][4][5] . A prevalência desta neuroparasitose, no Brasil, não está definida.Na literatura brasileira, as informações sobre NCC constituem coleção de trabalhos regionais que descrevem os aspectos polimórficos desta patologia. Os