2012
DOI: 10.11606/issn.2316-9060.v7i0p67-76
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Migrantes, Imigrantes e Refugiados: a Clínica do Traumático

Abstract: Migrantes, iMigrantes e refugiados: a ClíniCa do trauMátiCo RESUMOEste trabalho visa a apresentar as atividades de extensão universitária realizadas pelo projeto Migrantes, imigrantes e refugiados: vulnerabilidade e laço social, desenvolvido no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, assim como seus objetivos, resultados e desdobramentos. Inicialmente, apresentaremos o seu campo epistemológico teórico-clínico de articulação entre Psicanálise, sociedade e política, que põe em foco as relações entr… Show more

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“…Por outro lado, a distinção entre migração buscada e migração forçada pela "violência e pela miséria" é fundamental, pois é neste ponto que "a dimensão da perda e a dificuldade de se localizar no mundo tomam um lugar primordial" (Rosa, 2012). A qualificação "intencional", ou segundo Sironi (1999) polí-tica do trauma, é fundamental, pois permite, por um lado, nos aproximarmos da experiência psíquica do paciente em face do irrepresentável e, por outro lado, levamos em conta o aspecto cultural do paciente.…”
Section: O Contexto Do Atendimentounclassified
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“…Por outro lado, a distinção entre migração buscada e migração forçada pela "violência e pela miséria" é fundamental, pois é neste ponto que "a dimensão da perda e a dificuldade de se localizar no mundo tomam um lugar primordial" (Rosa, 2012). A qualificação "intencional", ou segundo Sironi (1999) polí-tica do trauma, é fundamental, pois permite, por um lado, nos aproximarmos da experiência psíquica do paciente em face do irrepresentável e, por outro lado, levamos em conta o aspecto cultural do paciente.…”
Section: O Contexto Do Atendimentounclassified
“…Seu silêncio, seu esquecimento, aquilo que ele não consegue dizer, como a culpa que sente ao ter deixado dois de seus amigos na prisão, uma vez que ele acabou conseguindo sair. Seria esse o sentido da passagem entre o silêncio mortífero, siderante, do trauma e o silêncio sintomático, enlaçado com o regime do significante, que permite um início da elaboração da demanda, do qual nos apresenta Rosa (2012) e Cyrulnik (2012, ao afirmar que o silêncio emerge quando sabemos que o outro não poderá nos entender, ou seja, um emudecimento como forma de defesa e proteção.…”
Section: Do Silêncio Mortífero Ao Silêncio Sintomático E a Resistênciaunclassified
“…Nesse sentido, a análise da questão no Brasil se deu, até o presente momento, a partir de abordagens desde a psicologia (Debiaggi, Paiva, 2004;Dantas, 2012;Knobloch, 2015), a psiquiatria (Santana, Lotufo-Neto, 2004;Medeiros et alii, 2014), a psicanálise (Rosa et alii, 2009;Rosa, 2012) e a saúde coletiva (Knobloch, 2015;Galina et alii, 2017), cujas preocupações, entre outras, estão em realizar uma espécie de mapeamento epidemiológico da incidência de transtornos mentais entre imigrantes e refugiados, e na instituição de um campo de conhecimento e de práticas clínicas sobre abordagens interculturais dos problemas mentais de refugiados e imigrantes, o que não é o interesse desse trabalho. As etnografias recentes sobre o refúgio no Brasil, apesar de contribuírem enormemente para o debate sobre essa questão ainda subexplorada, não fornecem análise sobre os serviços de saúde mental para refugiados, nem abordam antropologicamente a experiência dos refugiados atendidos por esses serviços (Perin, 2014;Navia, 2014;Hamid, 2012;Mejía, 2010;Lopez, 2015).…”
Section: Introductionunclassified
“…Devido à complexidade desse tipo de tratamento, fazem-se necessários modelos de intervenções clínicas não convencionais que possibilitem a criação de condições de alterações do campo simbólico-subjetivo, social e político do sujeito acometido pelo trauma (ROSA, 2012). Algo totalmente diferente daquilo que propõem os protocolos de tratamentos pensados a partir da emergência da categoria de transtorno do estresse pós-traumático.…”
Section: A Clínica Do Traumáticounclassified
“…A presente tese tem como objetivo compreender o modo como a experiência musical pode contribuir, em termos de tratamento, para a chamada clínica do traumático -campo que, segundo Miriam Debieux Rosa (2012), exige modelos de intervenções clínicas não convencionais que possibilitem a criação de condições de alterações do campo simbólicosubjetivo, social e político do sujeito acometido pelo trauma. Seguindo a hipótese de que o choque provocado por um acontecimento violento tem o poder de exilar o sujeito do circuito da pulsão invocante, discutiremos a contribuição que uma oficina de composição de canções tem a oferecer para a transformação desse impacto traumático em narrativa.…”
Section: Introductionunclassified