Este artigo objetiva apresentar uma análise de atividades produzidas por um grupo de pesquisa formado por professoras/es pesquisadoras/es, estudantes licenciados e bacharéis, em sua maioria mulheres negras imbuídas/os na des/re/construção dos currículos eurocentrados. Trata-se de ações construídas mediante teares de teorias e práticas curriculares insurgentes e decoloniais, irrigadas pelas epistemologias feministas negras. O campo empírico foi produzido por meio de rodas de conversa em escolas estaduais de ensino médio, situadas em três municípios baianos, que tiveram como disparador o Projeto Carolina Vai às Escolas. O Projeto visou a apresentar os dilemas da realidade brasileira perante duas obras de Carolina Maria de Jesus: Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (2019) e Diário de Bitita (2014). As cartas produzidas pelas/pelos estudantes das turmas que tiveram envolvidas/os no projeto trazem a complexidades dos dilemas postos por Carolina, que, assim como a autora, têm suas vidas atravessadas pelo racismo, machismo e dificuldades financeiras. Com Carolina, elas/eles são afetados com a força vital que a movimentou em direção ao seu sonho de escrever, mensagem que reverberou nos estudantes a possibilidade de imaginar a melhoria das suas vidas por meio da educação.