A redemocratização brasileira vem promovendo mudanças na educação e nas práticas médi-cas, que ainda se encontram aquém da realidade e das necessidades nacionais. As escolas médicas não conseguem desenvolver um novo modelo que permita superar esse estágio de insatisfação da sociedade e de seus alunos. Aviolência escolar perpetrada por suas práticas pedagógicas e educacionais não permite o desenvolvimento de um ambiente satisfatório ao processo ensino-aprendizagem: burocracia, excesso de regulamentações, ausência de diálogo e de instâncias participativas, imposição de conteúdos e disciplinas, arquitetura (muros, grades, catracas e sirenes) tornam professores e alunos reféns do discurso da ordem e da produtividade. Não é mais possível admitir e permitir que o cotidiano da escola opere completamente à revelia dos anseios de seus atores constitutivos. A escola, por meio de seus gestores, precisa trabalhar no fortalecimento da sua capacidade de transformação, de autocrítica e aperfeiçoamento, assim como espera de seus estudantes. Não há democracia sem emancipação, sem uma formação que permita aos sujeitos uma atuação crítica, política e ética.
A B S T R A C TThe redemocratization of Brazil has led to changes in medical education and practice, which are nevertheless still out of step with the country's reality and needs. Medical schools have proven incapable of developing a new model that allows them to overcome this stage of dissatisfaction by society and their students. The violence practiced in school through its pedagogical and educational practices impedes the development of a satisfactory environment for the teaching-learning process, with excessive red tape, rules and regulations, absence of dialogue and participatory spaces, imposition of contents and disciplines, inappropriate architecture (walls, gratings, turnstiles, and sirens), leaving faculty and students hostage to the discourse of order and productivity. It is no longer conceivable to allow the school's daily routine to proceed in complete disaccord with the wishes of its various constituents. The school, through its administrators, needs to work to strengthen its capacity for change, self-criticism, and improvement, just as it expects of its students. There is no democracy without emancipation, without a pedagogy that allows subjects to act critically, politically, and ethically.