O contexto político da extinção da Imprensa da Universidade pelo Estado Novo

Abstract

Luís REIS TORGAL I. Introdução o CONTEXTO POLíTICO DA EXTINÇÃO DA IMPRENSA DA UNIVERSIDADE PELO ESTADO NOVO Falar da extinção da Imprensa da Universidade, secular instituição de criação pombalina, cujo último administrador (de 1921 a 1934/35) foi o republicano histórico, assumidamente demoliberal, Joaquim de Carvalho, é falar de todo o movimento de controlo do Estado Novo sobre as várias instituições e sobre as várias correntes de opinião. O objectivo era criar uma só ideologia, no âmbito do que se chamou, de forma eufemística, a "União Nacional". Daí que terá de se entender a extinção da Imprensa como uma forma de neutralizar uma in stituição com grande produção editorial e impressora, que eventualmente poderia fugir da fiscalização do Estado. Joaquim de Carvalho (1892-1958)(1), bacharel formado em Direito (1914) e em Filosofia (1916) pela Universidade de Coimbra, foi nomeado assistente provisório da jovem Faculdade de Letras dessa Un iversidade no mesmo ano da sua última formatura, tendo-se doutorado, em 1917, com a tese António de Gouveia e o Aristotelismo do Renascença(2). Ensinou, sobretudo, na área de Filosofia e, complementarmente, na área de Educação, dado que (I). Sobre Joaquim de Carvalho, para além de vários estudos que foram escritos em sua homenagem (cfr. bibliografia no texto de Jorge Peixoto à frente referido), vide Manuel Augusto Rodrigues (dir.). Memoria Pro(essorum Universitatis Conimbrigensis. /772-/937,

Cinema, Fascism and Propaganda. A historical approximation to the Portuguese Estado Novo

“…Nevertheless, in and outside Portugal, the national film industry had some peculiar features, which may be unique in some cases and, undoubtedly, allow us to talking about a cinematic propaganda that characterised the Portuguese dictatorship (cf. Torgal, 2011;Piçarra, 2006). This propaganda had a great intentionality and public impact.…”

“…There were groups of people holding posters that identified them with some corporate union, as well as professors and students from the University of Coimbra that were also holding messages against communism (cf. Torgal, 2011). The camera stops for several seconds over one banner that says: "Morra o comunismo que é: contra a pátria, destruidor da família, perturbador da paz, violador dos lares"; and over another pro There are uniformed boys and girls parading amid Nazi and Italian flags.…”

“…The case of the dictatorship of António de Oliveira Salazar, whose institutionalisation was forged in 1933 with the adoption of the Constitution of the Estado Novo and lasted until 1974, offers singular features that deserve special attention (cf. Ribeiro, 2010;Torgal, 2009;Pinto, 2003).…”

“…Within this context, this brief investigation aims to reveal some of the key features of the cinematic discourse of the Portuguese regime and its propagandistic dimension immediately after the creation of the Estado Novo as an authoritarian political project, organised according to a corporate model inspired by the structures of the Italian fascism of Benito Mussolini (Torgal, 2009). Thus, the main hypothesis of the analysis responds to the need to shed light on the cinematic propaganda model designed by the Salazarist dictatorship to disseminate its ideological proposals and make the Portuguese society accept its political project which, according to the regime itself, was based on the "política do espírito" ("politics of the spirit").…”

Jovens, estudantes e ‘repúblicos’: Culturas estudantis e crise do associativismo em Coimbra*

“…Camões, Garrett, Antero e Eça são apenas alguns dos nomes que nela deixaram as suas marcas, e que dão sentido à afirmação de Miguel Torga de que "não houve no nosso país revolução política ou movi-mento cultural que não encontrasse entre os estudantes de Coimbra apoio ou reflexo" (apud Fortuna e Peixoto, 2002: 28). Apesar de a relação entre a cidade e a universidade nem sempre ter sido fácil -inclusive com momentos de grande tensão como aconteceu na sequência da destruição da "Alta" pelo governo de Salazar para nela instalar a "nova" universidade (Torgal, 1999) -, a cidade continua a ver-se a si própria como "centro universitá-rio" e os seus elementos identitários e representativos permanecem "intimamente ligados à mesma fonte: a Universidade" (Fortuna e Peixoto, 2002: 29).…”