O legado de Virgínia Leone Bicudo para a sociologia da infância no Brasil

Abstract

RESUMO Este artigo tem como objetivo realizar uma análise do texto “Atitudes dos alunos dos grupos escolares em relação com a cor de seus colegas”, de autoria da socióloga e psicanalista Virgínia Leone Bicudo (1955). Nessa pesquisa, Bicudo analisou o cotidiano escolar e familiar dos alunos, com foco em categorias como raça, gênero e nacionalidade, fornecendo um mapa analítico na perspectiva das ciências sociais para a análise transdisciplinar da infância, transcendendo os limites biológicos e geracionais. Parte-se de uma revisão de literatura sobre a constituição do campo de pesquisas sobre a infância no Brasil e da inserção e contribuições desta autora para a área. Apostamos na hipótese de que o trabalho de Bicudo pode ser lido como um dos primeiros que enfatizaram a singularidade das atitudes raciais infantis, sendo as próprias crianças as principais informantes e participantes, por meio de entrevistas.

Eu prefiro ser pequena... porque eu sou pequena!\": relações de idade entre meninas e meninos da Educação Infantil

“…Como precursora, além da obra de Florestan Fernandes, tivemos o estudo da socióloga e psicanalista Virgínia Leone Bicudo, na década de 1950, apesar de não ter se destacado com a mesma veemência. Santos (2018) analisa o texto de Bicudo (1955) denominado "Atitudes dos alunos dos grupos escolares em relação com a cor de seus colegas", em que se atentou para as categorias de gênero, raça e nacionalidade ao analisar o cotidiano escolar e familiar das/os alunas/os. Santos (2018) compreende a autora como pioneira ao retratar as atitudes raciais infantis, trazendo uma escuta das crianças por meio de entrevistas, além de sua contribuição para uma análise transdisciplinar da infância.…”

“…Destaca assim, que: Nossa hipótese é de que essa pesquisa, ao problematizar a condição das criançasmeninas, meninos, brancas, negras, imigrantesque dividiam o espaço escolar, apontou que estereótipos, preconceitos, discriminação e desigualdades eram premissas que também faziam parte do universo infantil e, por isso, sua perspectiva nos fornece instrumentos analíticos capazes de interconectar a sociologia, a psicologia infantil e a educação. O objetivo de Bicudo foi compreender como a escola segmenta seus espaços por meio das atitudes de seus agentes (SANTOS, 2018(SANTOS, , p. 1196.…”

“…ressalta as experiências infantis, tendo em vista suas origens sociais, étnicas, familiares e de gênero, em um momento em que as perspectivas biologizantes e classificadoras eram centrais. Inova ao trazer as impressões das crianças sobre as relações raciais na sociedade, denunciando o racismo e o preconceito vivenciados pelas crianças negras e mascarados atrás de supostas relações harmoniosas convenientemente forjadas naquele contexto da sociedade brasileira(SANTOS, 2018). Pontua-se, portanto, que seus estudos tiveram grande contribuição para a construção de uma Sociologia da Infância no Brasil.Os estudos de FúlviaRosemberg (1976), a partir da década de 1970, também contribuíram significativamente para a consolidação e divulgação do campo no país, ao construir um olhar sociológico para a criança e a infância, conforme destacam Moruzzi e Tebet (2017) Rosemberg (1976).…”

A Psicanálise na ditadura civil-militar brasileira (1964-1985): história, clínica e política

“…Maria Manhães (SPRJ) e húngaro Karl Mannheim. A bagagem acumulada desde os tempos de socióloga(Santos E. d., 2018) se faz presente ainda com antigos mestres como Donald Pierson e…”