Este artigo busca analisar as representações da memória da infância na narrativa autobiográfica Black Boy, de Richard Wright, publicada em 1945. O foco recai sobre a temática do racismo, ou seja, como a experiência da violência racial é elaborada no processo mnemônico e, consequentemente, no projeto narrativo. Para concretizar este propósito, na primeira seção a memória e a sua construção narrativa são discutidas a partir de Ricoeur (2007, 2010) e Umbach (2008), principalmente. Na sequência, apresenta-se a análise literária de Black Boy que tem como chave analítica os atravessamentos do racismo na representação narrativa da memória da infância. A partir disso, observa-se que pela dupla temporalidade da narrativa, a memória traumática da opressão racial se abre no texto: o narrador adulto, desde o presente narrativo, modaliza a experiência do personagem criança, no passado narrativo.