Foi feita, em 1998, a réplica de uma pesquisa realizada entre 1929 e 1944 por Helena Antipoff e em 1993 por Regina Helena de Freitas Campos, com o objetivo de investigar o impacto, nos ideais das crianças de Belo Horizonte, da ênfase que a mídia vem dando ao consumismo na sociedade contemporânea. Um questionário aberto foi aplicado a 307 crianças (151 meninas e 156 meninos) da quarta série das escolas públicas e particulares de Belo Horizonte. Os dados referentes aos ideais destas crianças foram submetidos à análise de conteúdo, por gênero, e comparados com os dados das pesquisas anteriores. Foi comprovada a hipótese de que os valores transmitidos pela mídia vêm contribuindo para mudanças nos ideais infantis ao longo do século.
Resumo: O artigo analisa os efeitos de diferentes pertencimentos do escritoradulto na reconstrução de suas memórias de infância. Utiliza como fontes principais seis autobiografias escritas por filhos de pais analfabetos ou com baixa escolaridade, nascidos na primeira metade do século XX, quatro deles em Minas Gerais, Brasil, e dois em Illinois, Estados Unidos. Verificou-se que os autores, ao considerarem a autobiografia como ensinamento, buscam estratégias para se legitimarem como exemplos de superação. Na escrita, elegem um pertencimento, como o socioeconômico e/ou o étnico-racial, como eixo para situar o lugar de onde falam, tornando-o o fio condutor das narrativas e da releitura de suas infâncias e trajetórias de vida. Palavras-chave: autobiografias, história da cultura escrita, história da infância
Esta pesquisa analisa as práticas de leitura e escrita realizadas por mulheres na primeira metade do século XIX. Trata-se de um período em que o domínio das habilidades de leitura e escrita no Brasil era restrito a uma pequena parcela da população, existindo poucos indícios dessas práticas relacionadas ao universo feminino. Foram analisados periódicos em circulação no período, entre eles O Mentor das Brasileiras (São João del-Rei/MG, 1829-1832), em que estão presentes textos de autoria feminina e referências às práticas de leitura de mulheres.
Resumo: Como mulheres de meios populares constroem, ao longo de suas trajetórias de vida, modos de participação nas culturas do escrito? Que instâncias ocupam o papel de "agentes de letramento" nessa participação? Que tipos de participação são construídas? Este artigo busca, com base nos resultados de uma pesquisa concluída, analisar as táticas por meio das quais um grupo de mulheres negras, com experiências restritas ou inexistentes de escolarização, originárias em sua maioria de espaços rurais e atualmente moradoras de um aglomerado em Belo Horizonte, Brasil, construiu sua participação nas culturas do escrito, em meados do século XX. Baseados na metodologia da História Oral, entrevistamos 33 mulheres e realizamos o levantamento de dados secundários de suas localidades de origem. Os pressupostos da história cultural, da sociologia da leitura, e dos trabalhos que discutem as relações entre oralidade e cultura escrita fundamentaram a aape epaa Mulheres de meios populares e a construção de modos de participação DOSSIE EJA 2 análise dos dados. Os resultados do estudo indicam que a família, a escola, os espaços urbanos e a participação em movimentos sociais foram as principais instâncias que possibilitaram um uso mais efetivo da leitura e da escrita. Mostraram, ainda, que os modos de participação nas culturas do escrito construídos pelas mulheres foram bastante distintos entre si: algumas se tornaram leitoras literárias, escrevem poemas e músicas, desenvolveram uma oralidade extremamente estruturada; a maioria, no entanto, vivencia uma relação de pouca aproximação com o mundo escrito: aprendeu a assinar o nome e desenvolveu táticas para viver em uma sociedade grafocêntrica, como a memorização e o apoio dos que dominam a leitura e a escrita.Low-income women and the construction of ways of participation in written culture (Minas Gerais, Brazil, 20th Century). Abstract: How do low-income women build, throughout their lives, ways to participate in written culture? What are the main instances that "sponsor" this participation? What kind of participation is built? This article aims to analyze the tactics through which low-income, uneducated black women, who were born in rural areas and today live in a slum in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil, built their participation in written culture during the mid-20 th century. Oral history was used as methodological approach to interview 33 women. A survey of secondary data about their hometowns was also performed. The theoretical framework includes the works done in the fields of cultural history, sociology of reading, and orality and literacy. The results of the research show that family, school, the urban environment, and the participation in social movements were, in general, responsible for the women's participation in written culture. The research also shows that they performed different ways of participation. Some women became literary readers, wrote poems and music, and developed very organized speeches. However, most of them experienced a distant relationship with the wr...
Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 31 jan./abr. 2006 Muito tem sido produzido nos últimos anos, no Brasil, sobre história da infância, quer no âmbito da história, quer no da história da educação. Em levantamento realizado sobre o tema, Irma Rizzini indica que, na década de 1980, foram desenvolvidos 38 estudos, entre artigos, dissertações e teses; já na década de 1990, são registradas 160 produções (in Rizzini & Fonseca, 2001). Tais trabalhos têm possibilitado conferir visibilidade e legibilidade aos processos sociais de formação das diferentes infâncias brasileiras, nos diversos espaços educativos e momentos históricos.A pluralidade de estudos tem indicado, por um lado, um tratamento da história da infância brasileira que busca compreendê-la a partir de sua pertinência social, etária, étnica e de gênero, categorias que vêm norteando tais produções. Por outro lado, vem sendo dado destaque tanto à produção e circulação de práticas de intervenção junto às crianças brasileiras, quanto à produção, circulação e apropriação de saberes sobre a infância.1 Por fim, vêm sendo investigados períodos históricos tradicionalmente pouco contemplados, como o século XIX, o que vem ocorrendo mais sistematicamente nos últi-mos cinco anos. No interior desse escopo, buscamos aqui analisar os discursos sobre a infância, em circulação no contexto educacional escolar mineiro da primeira metade do século XIX. Tem-se em vista contribuir para um alargamento da produção da história da educação da infância no Brasil, contemplando um perío-do histórico ainda pouco analisado, destacando a singularidade da primeira metade do século XIX, como também enfatizar a especificidade dos discursos acerca da infância pobre e sua educabilidade, inserido num projeto de escolarização dos extratos considerados inferiores da população.A utilização de múltiplas fontes possibilitou-nos o acesso a discursos de diversas naturezas, contribuindo para a compreensão da complexidade que marcava o cenário educacional da sociedade mineira na primeira metade do século XIX. Assim, tivemos como fonte privilegiada um manual didático-pedagógico de origem francesa, intitulado Curso normal para proEscolarizar para moralizar: discursos sobre a educabilidade da criança pobre (1820-1850) ; a legislação educacional mineira; os relatórios dos presidentes da província de Minas Gerais; mapas trimestrais de freqüência dos alunos das escolas elementares, preenchidos pelos professores para recebimento do salário; ofícios, requerimentos e portarias referentes à instrução pública mineira; relatórios dos delegados de ensino. O entrecruzamento das fontes constitui estraté-gia fundamental, na pesquisa histórica, para contemplar a complexidade da construção da vida social, a polifonia de discursos e práticas produzidos pelos distintos atores sociais, a partir de sua inserção. Porém, cabe considerar a especificidade de cada produção discursiva, tendo em vista as condições e hierarquias entre os distintos espaços de produção, circulação e apropriação dos discursos sociais, que informam s...
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