Este trabalho estuda o modo como livros didáticos de Língua Portuguesa do Ensino Médio, aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático-2015, propõem o ensino da oração subordinada adjetiva. Vários pesquisadores (Bagno, 2011; Neves, 2011; Travaglia, 2009, 2011) abordam a questão do ensino de gramática, problematizando o ensino mecanicista e tradicional de identificação e classificação de unidades linguísticas (morfológicas e sintáticas). Esses autores defendem a articulação da gramática com o ensino das habilidades leitora e escritora, de modo que os recursos linguísticos sejam estudados na mobilização de efeitos de sentido na construção textual. A escolha do corpus, portanto, foi determinada pela proposta de ensino de gramática explicitamente declarada nos manuais para o professor (parte anexa ao livro didático), segundo a qual os recursos linguísticos são subsidiários ao ensino da leitura e da escrita. Parte-se, inicialmente, da comparação entre a proposta dos manuais quanto ao ensino da gramática e o que se efetivou no livro do aluno, mais especificamente em relação às propostas para o ensino da oração subordinada adjetiva. A seguir, a partir da descrição funcional da oração subordinada adjetiva (Câmara, 2015), que tem como base a Gramática Discursivo-Funcional (Hengeveld e Mackenzie, 2008), verifica- se como alguns aspectos descritivos podem ser subsidiários ao ensino da oração subordinada adjetiva, visando ao desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. A justificativa para a escolha desse suporte teórico está no fato de que a gramática está estruturada de modo hierárquico e descendente em níveis e camadas de análise linguística, sendo que as unidades pragmáticas determinam as unidades semânticas, que, por sua vez, determinam as unidades morfossintáticas, que, por sua vez, determinam as unidades fonológicas. Os dados demonstram que ainda permanece, nas propostas de ensino da oração subordinada adjetiva, em livros didáticos de Ensino Médio, um ensino de gramática que enfoca principalmente o domínio de nomenclatura, de metalinguagem e de regras da gramática normativa. Não se realiza uma reflexão dos recursos linguísticos, a partir de textos autênticos, com o objetivo se entender como os efeitos de sentido são produzidos. Por outro lado, esses materiais apresentam uma visão diferente da tradicional ao considerar aspectos pragmáticos na concepção da oração adjetiva explicativa.