O projeto de arquitetura para a Memphis S.A. industrial (1976) é uma obra exemplar do patrimônio industrial e da Arquitetura Moderna Brasileira no Sul que, por diferentes aspectos, merece renovada atenção e valorização. A empresa segue em atividade há 45 anos nas instalações projetadas pelos arquitetos Cláudio Luiz Araújo e Cláudia Obino Corrêa com a participação dos engenheiros uruguaios Eladio Dieste e Eugenio Montañez, cujas inovações tecnológicas à época podem ser verificadas tanto do ponto de vista do desempenho ambiental e flexibilidade espacial, como do efeito plástico da solução de cobertura. Não apenas um olhar fundamentado sobre a sua construção, a partir de material inédito, pode contribuir para reafirmar a relevância da obra, mas uma compreensão abrangente de sua inserção histórica lança luz a este projeto ainda pouco divulgado. Neste sentido, a contextualização do mesmo tanto em relação a conexões locais com a Região do Prata e a técnica da cerâmica armada, como com noções teóricas e projetuais emergentes no contexto europeu, sintetizadas na expressão mat-building na década de 1970, fornecem novos elementos para a análise de seus sistemas formal, espacial e construtivo.