Os mestrados profissionais em ensino de ciências e matemática no Brasil: um tema pouco explorado na literatura

Abstract

Neste artigo apresentamos uma revisão da produção acadêmica sobre os Mestrados Profissionais em Ensino de Ciências e Matemática (MPECM). Para tal, examinamos, em acervos digitais, todo material publicado na última década em 20 periódicos nacionais e internacionais e no Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC). Dentro do grande volume de textos consultados, nossos achados sobre o MPECM foram de 33 publicações, indicando que o tema ainda é pouco explorado na literatura. A presente revisão foi importante para identificarmos as tendências em estudos que caracterizam os trabalhos de conclusão produzidos nos MPECM e em investigações sobre cursos específicos de Física e Matemática, mas não sobre cursos de Biologia e Química. Por outro lado, notadamente, há uma ausência de pesquisas sobre as diretrizes e os currículos dos MPECM, sobre os recentes programas em Rede Nacional e sobre o papel do MPECM como política pública de formação continuada de professores.

O Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física: Investigando os Modos de Regulação em um Polo Regional do Programa

“…A pesquisa que apresentamos neste artigo é parte do que construímos em nossa tese de doutorado (Rebeque, 2017), resultado de estudos de natureza sociológica sobre o MNPEF. Ao recapitularmos essa trajetória, no primeiro momento, com as atenções de pesquisas voltadas para os MPECM, empreendemos um mapeamento da produção acadêmica sobre este tema para nos situarmos dentro deste universo de pesquisa (Rebeque, Ostermann, & Viseu, 2017a). Com a definição do MNPEF como objeto de pesquisa, realizamos uma análise comparada dos documentos normativos do MNPEF com um conjunto de propostas globais referentes ao campo da formação continuada de professores (Rebeque, & Ostermann, 2015), de modo que, posteriormente, passamos a entender que o MNPEF representa um dispositivo de política pública voltado para a formação continuada de professores de Física em larga escala.…”

“…Neste cenário, os cursos de MNPEF têm sido debatidos amplamente na literatura acadêmica (Villani, et al, 2017;Rebeque, Ostermann, & Viseu, 2017a), com destaque para sua proposta de trabalho de conclusão (Ostermann, & Rezende, 2009), para suas possíveis contribuições na educação básica (Rezende, & Ostermann, 2015) e para as lutas políticas no campo acadêmico em torno de seu projeto de criação (Villani, 2016).…”

Avanços, Desafios e Potencialidades: A Trajetória dos Mestrados Profissionais em Ensino de Ciências no Olhar da Pesquisa

“…Sua história, porém, foi e ainda é marcada por tensionamentos entre pesquisadores(as), formadores(as) de professores(as) e gestores(as) que ocuparam espaços de proposição, discussão e avaliação dos MPEC. Um desses espaços -o da produção científica (e.g., Rebeque et al, 2017; -mostrou-se frutífero em confrontar diferentes perspectivas sobre aspectos dos MPEC, tais como objetivos, práticas pedagógicas e contribuições para docentes, estudantes e escolas.…”

Inovação didática no Ensino de Física: um estudo sobre a adoção do método Instrução pelos Colegas(Peer Instruction) no contexto de Mestrados Profissionais em Ensino no Brasil

“…Contudo, alguns estudos evidenciam que os PEs não têm sido disseminados a contento, e nem mesmo os autores dos trabalhos continuam aplicando seus produtos após o término do MPE [14][15][16]. 2 Apesar dessa constatação, as pesquisas não se ocupam em analisar qualitativamente os produtos e as implementações [17], o que se constitui em uma lacuna para se pensar possíveis soluções para enfrentar a baixa disseminação dos produtos educacionais. 3 Assim, procurando entender os desafios enfrentados pelos docentes ao tentar inovar em sala de aula, no presente estudo buscamos investigar a adoção de um método ativo de ensino pelos professores, ex-alunos do MPE, que o implementaram em suas dissertações e PEs, com base na Teoria da Difusão de Inovações, de Everett Rogers [18] (vide Seção 3).…”