A concordância nominal talvez seja, juntamente com a concordância verbal, um dos temas mais focalizados no âmbito do Português do Brasil (PB). Em todas as variedades, as rurais e as urbanas, nos diferentes pontos do país, ela constitui uma regra variável, com fortes implicações sociolinguísticas, uma vez que o cancelamento da marca de plural tem caráter estigmatizante.A observação do fenômeno, embora de forma assistemática, remonta aos primeiros trabalhos dialectológicos, em que já se chamava a atenção para o fato de a marca de número se encontrar predominantemente no primeiro constituinte do sintagma nominal, em exemplos como "Estas carta não são as minha", dado por Amaral (1976 [1920]), ou "grandes coisa/coisas grande", fornecido por Marroquim (1945). A partir da década de 1970, com a difusão no Brasil da Sociolinguística Variacionista, o tema é retomado, gerando uma série de estudos como os de Braga; Scherre (1976), Braga (1977, Scherre (1978, 1988), Guy (1981), para só mencionar os pioneiros nessa linha. A esses trabalhos seguiram-se vários outros, como os realizados, individualmente ou em conjunto, por Naro e Scherre, e por diversos doutorandos e mestrandos.