ResumoEste artigo assume estudos de caso nos Municípios de Moju e Acará para investigar uma rede de pequenas aglomerações que compõem o território rural do nordeste paraense. Normalmente invisível aos órgãos oficiais e não considerada no desenho das políticas públicas rurais e urbanas, esses aglomerados efetivamente estruturam o território rural, como pode ser apreendido por meio de cartografia social. O objetivo deste artigo é relacionar os níveis hierárquicos dessa rede de aglomerados rurais aos resquícios das políticas colonizadoras. A metodologia utilizada foi qualitativa voltada para a análise de padrões sócio-espaciais, utilizando como ferramentas a cartografia social e a teoria dos grafos para gerar um gradiente urbano-rural e os níveis de hierarquia da rede. Apesar da prevalência de funções agrárias, assumidas como ponto de partida da colonização realizada nos anos 1970, observa-se a disseminação de aglomerados rurais hierarquizados por centralidade, disponibilidade de serviços, estratégias de subsistência e coesão social, que articulam usos rurais a expectativas de consumo e acesso às políticas públicas normalmente associadas ao universo urbano, conectando esses dois mundos. O resultado de tantas superposições é um território híbrido cuja morfologia e padrão socioespacial em rede são pouco compreendidos e valorizados tanto pelo setor público quanto pela iniciativa privada.
AbstractThis article assumes case studies in Moju and Acará Municipalities to investigate a small network of settlements that constitutes the rural area of northeastern Pará. Normally invisible to official bodies and not considered in the design of rural and urban public policies, these settlements effectively structure the rural area, as it can be grasped through social mapping. The purpose of this article is to relate hierarchical levels of the rural settlements network to the remnants of colonial policies. The methodology was qualitative focused on the analysis of socio-spatial pattern, using as tools social mapping and graph theory to generate an urban-rural gradient and the hierarchy levels of the rural settlements network. Despite the prevalence of agrarian functions, taken as a starting point of colonization performed in the 1970s, it is observed the spreading of rural settlements classified by centrality, availability of services, livelihood strategies and social cohesion, articulating rural uses to consumer expectations and access to public policies normally associated with the urban universe, connecting these two worlds. The result of so many superpositions is a hybrid territory, which morphology and networks' sociospatial patterns are barely understood and valued by both public and private sectors.