Na década de 1930, próximo aos seringais da floresta amazônica, emergia uma comunidade de cunho religioso, repleta de elementos de diferentes religiosidades, dirigida por um líder carismático e centrada na utilização de uma bebida psicoativa, a ayahuasca. Esse pequeno grupo era influenciado pelos elementos materiais e culturais da região naquela época, como as bases militares, as visões tradicionais de gênero, os fluxos migratórios, o intercâmbio cultural com caboclos e indígenas e o contato com os seringais. Formada majoritariamente por imigrantes nordestinos negros e mulatos, essa comunidade era comandada por um negro maranhense sem escolarização formal, neto de escravos, chamado de "Mestre". E assim permaneceu, de modo relativamente estável, até a década de 1970.Quatro décadas depois, o cenário é bastante distinto: denominado "Santo Daime", não se trata mais de uma única comunidade, mas de uma rede dispersa de múl-tiplos núcleos. O grupo reúne alguns milhares de adeptos, sobretudo pessoas escola-