Por que ensinar tempo geológico na educação básica?

Abstract

Tempo Geológico é uma das construções mais importantes do pensamento científico, é essencial na tomada de decisões socialmente responsáveis sobre uso de recursos naturais e mudanças ambientais e é fundamental para compreender Evolução. A construção desta noção envolveu a aceitação de ideias ao longo da história da Geologia, portanto, defendemos que sua complexidade deve-se ao seu desenvolvimento histórico, em que conhecimentos diversos precisaram ser mobilizados. Este trabalho de revisão mostra que, nas escolas, algumas dificuldades para compreender Tempo Geológico são: elevado grau de abstração; interpretação de números grandes, escalas e eventos distantes da experiência humana; conflitos religiosos que interferem na aquiescência de uma Terra muito antiga. Propostas para superá-las são: uso de analogias; atividades que mobilizem perspectivas dinâmicas da Terra; introdução da história das geociências; emprego de narrativas históricas. É imprescindível o desenvolvimento de investigações sobre ensino de Tempo Geológico no Brasil e atenção à formação de professores.

Compreendendo a Polissemia Do Conceito Darwinista De Adaptação Em Livros Didáticos De Biologia Do Ensino Médio

“…Finalmente, ressaltamos a relevância da concepção geológica do tempo na compreensão da evolução das espécies. O tempo geológico 7 , além de fornecer o contexto necessário para as alterações ambientais de longo prazo, configura-se como peça fundamental para o processo de evolução por seleção natural, considerando-se os longos intervalos frequentemente necessários para este ocorrer (Chaves et al, 2018;D`Argênio, 2009). Dodick (2007) considera o tempo geológico como um dos conceitos mais importantes para o entendimento do processo evolutivo, embora o mesmo desperte conflitos cognitivos, em razão da dificuldade do ser humano de relacionar-se de forma significativa com os bilhões de anos de história evolutiva da vida.…”

Práticas de ensino de botânica com enfoque em taxonomia e sistemática filogenética

“…Além disso, deve--se relacionar a biota atual com os registros fósseis para uma maior compreensão das relações taxonômicas e filogenéticas (Santos e Piranha, 2018). Na Base Nacional Comum Curricular, a abordagem do Tempo Geológico está atrelada à abordagem do processo evolutivo (Chaves et al, 2018).…”

Ensino de tempo geológico na educação brasileira

“…Apesar de não haver convergência entre autores acerca de sua conceituação (Chaves et al, 2019), é possível definir o Tempo Geológico como sendo o período temporal decorrente desde a etapa final de consolidação da Terra até o momento presente (Chaves et al, 2018). A noção resulta de um complexo processo de debates experimentais e filosóficos, cujas tentativas de explicação ora abordavam elementos dogmáticos, ora evidências biológicas e geológicas (Saraiva Junior, 2013).…”

“…

IntroduçãoGeociências compreendem a maneira pela qual as distintas esferas que compõem o planeta (geosfera, hidrosfera, atmosfera, biosfera) interagem por meio da dinâmica do sistema terrestre (Greco, 2018). Apresenta uma natureza de compreensão, apreensão e explicação interdisciplinar, uma vez que seus componentes (esferas) e dinâmicas (individuais e interativas) devem considerar a presença e ações antrópicas ao longo do tempo, mais especificamente, do Tempo Geológico (Greco, 2018, Souza & Furrier, 2020.Apesar de não haver convergência entre autores acerca de sua conceituação (Chaves et al, 2019), é possível definir o Tempo Geológico como sendo o período temporal decorrente desde a etapa final de consolidação da Terra até o momento presente (Chaves et al, 2018). A noção resulta de um complexo processo de debates experimentais e filosóficos, cujas tentativas de explicação ora abordavam elementos dogmáticos, ora evidências biológicas e geológicas (Saraiva Junior, 2013).

…”

“…Em relação à produção científica envolvendo o ensino de Tempo Geológico, Chaves et al (2019) apontam para o fato de esta limitar-se a ações pontuais e/ou relacionar-se ao uso de ferramentas didáticas como estratégias facilitadoras do processo. Outros autores (Saraiva Junior, 2013, Cervato & Frodeman, 2012, Bacci, 2015, Chaves et al, 2018, Greco, 2018) (e de maneira semelhante aos autores previamente citados), apesar de assinalar os benefícios obtidos a partir de práticas docentes diversas relacionadas ao ensino de Tempo Geológico, apresentam como principais limitações: (a) falta de levantamentos bibliográficos sistemáticos (Aromataris & Munn, 2020); (b) escassez de análises das evidências quanto à eficiência das intervenções em termos de satisfação do alunado em relação a recursos empregados, resultados observados e desempenho docente (Abbad et al, 2000).…”