Teoricamente o Estado é responsável por garantir a vida e também pela inclusão de cidadãos que nele habitam; em contrapartida, na prática, observa-se que também é ele o responsável por gerar mortes em grande quantidade. No ano de 2020, os assassinatos da vereadora ativista dos direitos humanos Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes completam dois anos. Em honra à suas memórias e na tentativa de entender o caso a partir de uma perspectiva sociopolítica, o presente trabalho tem a intenção de analisar a maneira como estas execuções denunciam a crueldade da política de promoção da morte - necropolítica - e as vulnerabilidades vivenciadas por populações marginalizadas e/ou adjetivadas por minoria social. Nesta perspectiva, desenvolvemos este estudo abordando brevemente a colonização enquanto estrutura da violência racial do Estado, já que as tecnologias necropolíticas são desenvolvidas visando desestabilizar corpos pretos com vistas a perpetuar a supremacia branca e hegemônica. Sendo assim, utilizamos a análise do discurso como metodologia e consideramos que a execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes reforçam o incomodo da elite, com a ascensão social de grupos marginalizados, bem como evidenciam as violências cometidas contra sujeitos que historicamente denunciam as atrocidades cometidas a esses condenados da terra e/ou oprimidos.