Recortes Históricos Da Medicalização E a Implementação Do Fórum Sobre a Medicalização Da Educação E Da Sociedade Em Jataí

Abstract

O presente texto é fruto do projeto de extensão universitária “Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade/Jataí/GO” e tem como objetivo principal, apresentar e problematizar os processos de medicalização e medicamentalização da sociedade e, para tanto, realizamos alguns recortes históricos sobre tais processos e seus efeitos. Posteriormente apresentamos o processo de implementação do Fórum Sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade no município de Jataí/GO e finalizamos com a análise da banalização de algumas práticas de diagnóstico na educação hoje. Temos como resultado o mapeamento de algumas alianças que constituem o poder médico-psiquiátrico, dentre elas, a aliança com a psicanálise, a biologia e a neurociência. Concluímos que a medicalização na educação decorre de práticas e procedimentos disciplinares presentes na sociedade que almejam homogeneizar as diferenças entres as pessoas e, consequentemente, medicar aqueles que fogem aos padrões estabelecidos pela norma médica e psiquiátrica. Essa normalização das condutas ocorre por meio de psicofármacos, cujo uso busca gerir os riscos sociais das consideradas más condutas, assumindo, muitas vezes, uma nova forma de punição.

Automedicação: influência das territorialidades e suas motivações

“…O medicamento está fundamentado em um modelo dinâmico do comportamento, influenciado pelas crenças individuais e coletivas baseadas em experiências vividas antes do aparecimento da doença e pelo processo que conduz ao comportamento na saúde. De acordo com Paiva et al (2016) na atualidade os indivíduos são constantemente incentivados a resolver alguns problemas sociais utilizando medicamentos. Destacam que o medicamento nesse cenário ocupa lugar privilegiado, sendo considerado um produto relevante e validado pela ciência.…”

Mapeando a medicalização infantil e o uso de psicotrópicos entre crianças na literatura brasileira.

“…Nessas iniciativas inovadoras, 5 pesquisas traziam em seu bojo estratégias de resistências para uma frente desmedicalizante. Destas, 2 eram pesquisas empíricas, (CALIMAN; DOMITROVIC, 2013; CALIMAN; PETERLE; CÉSAR, 2017), realizadas em serviço público de saúde no Espírito Santo (CAPSi-Farmácia Cidadã), e 3 teóricas, (PAIVA et al, 2016;ZANELLA et DOI 10.21727/rm.v13i1.2730ESTHER;COUTINHO, 2017). Estes trabalhos abordaram críticas quanto à medicalização; a tríade TDAH/metilfenidato/escola; o aumento no uso do metilfenidato; a demanda escolar e familiar nos setores de saúde, o reflexo da problemática nas políticas públicas, como a judicialização da saúde e os altos custos frente tal demanda, e por fim, os possíveis projetos de intervenção com ações desmedicalizantes como resistência ao cenário atual.…”

“…O Fórum produz pesquisas, documentos nacionais e internacionais, mantêm articulações visando o enfrentamento, a superação e mobilização da sociedade para a crítica à medicalização da aprendizagem e do comportamento. Sua relevância, como pesquisa intervenção, está nas discussões sobre as questões sociais em nível macro, não centradas na doença ou na culpabilização do sujeito (PAIVA et al, 2016).…”