Resumo: O objetivo foi analisar o itinerário percorrido por famílias de crianças atendidas em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil na busca por tratamento em saúde mental. Foram realizadas Observações Participantes do serviço estudado e Grupos Focais com familiares de crianças atendidas. A pesquisa qualitativa usou como aporte teórico-metodológico a Análise Institucional e o material foi discutido tendo em vista o modo de atenção psicossocial. A busca dos familiares quando se confrontam com o sofrimento psíquico de uma criança é um indicador privilegiado para aquilatar potencialidades e fragilidades na construção da rede de atenção, bem como para revelar o entendimento dos familiares a respeito dos problemas de saúde mental e seus tratamentos. Verificou-se a presença de forças contraditórias nas ações cotidianas de atenção, demonstrando ora a força transformadora do instituinte, ora a cristalização e manutenção do instituído. Nesse sentido, o modelo hegemonicamente instituído - focado na doença, fragmentando o sujeito e a atenção a ele dirigida - tem sido tensionado por uma força instituinte que propõe reposicionar o sujeito, bem como incorporar o sofrimento psíquico como integrante da saúde geral, articulando serviços e ações em um modelo de rede. A despeito do novelo de embaraços com os quais os familiares se deparam em sua peregrinação por cuidados, existem avanços que caminham na direção da atenção psicossocial e apontam para desafios a serem enfrentados. Tais avanços têm ancoragem nas tecnologias relacionais - acolhimento, vínculo, confiança e responsabilização entre os diversos atores envolvidos no cuidado.