“…Assim, a inferioridade que justificava e legitimava a escravidão permitia arrolar todos os negro, uma vez que a condição de escravo passou a utilizar a cor como critério, e assim, permitia identificar a população negra na América dentro desse status ambíguo onde a sua inferioridade justifica a escravidão, o controle, a violência, o domínio, mas também, é a mesma inferioridade que permite organizar os medos dos brancos ao identificarem os negros como brutos, selvagens, lascivos, agressivos, traidores e não passíveis de confiança. Localizar a escravidão na cor da pele permite enquadrar ou suspeitar de todos os negros 31 , uma vez que o estigma se torna o traço principal (BECKER, 2009) no processo de interação social, assim como, na ausência de elementos que lhe digam como interagir face a face com alguém, são as prénoções e preconceitos rapidamente identificam o traço mais marcante para orientar seu comportamento (GOFFMAN, 2011). Porém outra consequência segue essa lógica, a escravidão enquanto um status étnico, ou seja, um grupo étnico traz em si as condições de inferioridade para serem servos naturais, permite que o estigma e o controle passem hereditariamente.…”