Apresentamos neste artigo algumas discussões a respeito dos corpos nomeados travestis, e seus atravessamentos históricos e sociais, evidenciando as influências discursivas e essencialistas que os inventaram. Pontuaremos brevemente o processo de subjetivação, na qual tanto pode produzir culturas em massas, normalizando e padronizando identidades uniformizadas, como pode singularizá-las, possibilitando novas vivências, experimentações, desejos e prazeres. Em seguida discutiremos sobre o sistema sexo/gênero/sexualidade e a criação da sociedade cisheteronormativa, pontuando que esse sistema nada tem de natural, sendo estrategicamente implantado para manter o poder e sua hegemonia. Nesse sentido, propomos neste artigo, problematizar as violências psicológicas vivenciadas pelas travestis nas instituições públicas de saúde, instituições que em si, deveriam erradicar todo tipo de violência, mas que acabam contribuindo com sua intensificação. We present here some discussions about the appointed bodies transvestites, and its historical and social crossings, emphasizing the discursive and essentialist influences that invented them. Briefly Pontuaremos the subjective process, in which both can produce crops in masses, normalizing and standardizing uniform identities, how can distinguishes them, enabling new experiences, trials, desires and pleasures. Then we will discuss about sex system/gender/sexuality and the creation of heteronormative society, pointing out that this system is not at all natural, being strategically deployed to keep the power and hegemony. In this sense, we propose in this article, discuss the psychological violence experienced by transvestites in public health institutions, institutions which in itself should eradicate all forms of violence, but end up contributing to its intensification.
Palavras-chaveBarreto, Danielle Jardim; Gerônimo Ferreira, José Augusto & de Oliveira, Leticya Grassi (2017). Problematizações (im)pertinentes: (sobre)vivências das travestis nos serviços de atenção básica em saúde no Brasil. Athenea Digital, 17(1), 117-143. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenea.1758 Apresentação Os diversos episódios de violências e as estratégias de estigmatização dos corpos e das vidas que estamos vivendo na atualidade, têm negado e coibido a existência de pessoas não-cis e/ou travestis por meio de discursos com bases essencialistas e moralistas. Assim, novas problematizações vêm sendo construídas nos campos da Psicologia, que se reinventa para suprir as necessidades e demandas emergentes, com intuito de prevenir e amenizar as ações que reduzem os seres humanos a abjeções, ou seja, pessoas que 117