Brancas, jovens, magras: assim é a maioria das mulheres lésbicas que se dão a ver no YouTube. Tal percepção se baseia em uma amostra de 862 vídeos coletados a partir das tags “lésbicas” e “sapatão” para analisar que corpos são visíveis nesse escopo, principalmente no que se refere à raça/etnia, idade e padrão corporal. Para abordar essa questão, iniciamos o artigo recuperando as produções acadêmicas, principalmente brasileiras, que tematizam as lesbianidades, a fim de conceituar melhor o que entendemos pelo termo. Chegamos a uma concepção de lesbianidade como identidade e como prática, que nos permitiu avançar em uma abordagem mais ampla nas nossas considerações acerca das lésbicas que se dão a ver nas produções analisadas. Em nossa pesquisa, percebemos que, para além da predominância de corpos que performam um padrão normativo de ser mulher, há também expressões de resistências e diversidades importantes de destacar. Concluímos, assim, que há várias formas de ser lésbica, mas que elas estão submetidas a lógicas normativas que não só complexificam essas existências por meio do jogo entre docilidade e resistência, como também operam sobre as visibilidades.