A relação entre os sujeitos no processo de constituição de narrativas jornalísticas é nossa grande inquietação neste trabalho. A fim de cercá-la, propomos uma problematização a partir de reflexões que compreendem o narrar enquanto ação e as narrativas como relevadoras de processos, tempos e experiências vivenciados entre sujeitos e também no seio social. O Outro nos aparece sempre à espreita, em uma lógica própria da relação entre o Eu e o Outro, da qual as subjetividades são importante parte constituinte. É com o Outro que ocorrem os encontros e as tensões, a partilha e o confronto que estão invariavelmente presentes na prática jornalística, na apuração, na escrita e também no próprio exercício do papel mediador que a narrativa exerce. Assim, pela via da alteri- dade acreditamos ser possível promover uma importante reflexão acerca do ato de narrar no âmbito da atividade jornalística como um todo, possibilitando um olhar ampliado para as questões que dizem respeito aos sujeitos.
Neste artigo buscamos destacar a importância de um olhar interseccional em análises que voltam a atenção para as experiências das lesbianidades. Entendendo que há muitas formas de ser lésbica, partimos do pressuposto de que as opressões vivenciadas com relação à dissidência de sexualidade se conjugam com outras opressões. Compreende-se que há um padrão desejável que é privilegiado e, portanto, ganha mais visibilidade em plataformas de mídias sociais como YouTube, Instagram e TikTok, criando um ideal de lesbianidade. Para cercar essas questões, resgatamos as análises realizadas ao longo dos últimos anos nessas plataformas, denunciando o caráter anti-interseccional dos algoritmos de mídias sociais.
Este artigo apresenta uma discussão voltada para as possibilidades engendradas por experiências jornalísticas que acionam novas narrativas sobre a realidade. Consideramos, para efeito de análise, duas pesquisas finalizadas em 2017, que seguem um aporte metodológico da análise da narrativa das produções e dos livros-reportagem das jornalistas Eliane Brum, Fabiana Moraes e Daniela Arbex e as produções do projeto Ponte: Direitos humanos, justiça e segurança pública. Localizamos, a partir de um diagnóstico do campo jornalístico e por intermédio das análises, novos contornos estruturais, profissionais e estéticos do campo, o que configura um movimento de metacrítica - emergente dessas novas experiências -, e que promove narrativas plurais e diversas sobre a realidade.
PT. Este artigo busca abordar os modos como o medo do outro e um desejo de exclusão se articulam no âmbito da atividade jornalística. Tendo como base teórica as discussões sobre o medo (Delumeau, 1996; Matheus, 2011) e o outro, este último a partir da perspectiva da alteridade (Levinas, 1982, 2005), o objetivo desse texto é tensionar as formas como um medo que decai sobre sujeitos os transforma em corpos a serem exterminados. Para tanto, propomos uma leitura de matérias que tratam de assassinatos de travestis e transexuais no estado brasileiro de Minas Gerais, na procura de pistas que contribuam para a compreensão da forma como o medo presente nessas produções e em articulação com a vida social movimentam sentidos acerca de um desejo de exclusão desse outro. *** EN. This article addresses the ways in which fear of the other and the desire to exclude the murder of trans people are articulated in journalistic activity. Starting from a theoretical discussion about fear (Delumeau, 1996; Matheus, 2011) and the other, from the perspective of otherness (Levinas, 1982, 2005), the purpose of this text is to problematize the ways in which fear that debases others turns them into bodies to be exterminated. In order to do so, we propose a reading of news that deals with murders of trans people in Minas Gerais, in search of clues to help understand how the fear present in these journalistic productions and its relationship with social life can shape the desire to exclude the other. *** FR. Cet article traite de la façon dont la peur de l'autre et la volonté d'exclure les meurtres de personnes transgenres s'articulent dans l'activité journalistique. Partant d'une discussion théorique sur la peur (Delumeau, 1996; Matheus, 2011) et l'autre, du point de vue de l'altérité (Levinas, 1982, 2005), le but de ce texte est de problématiser les façons dont la peur qui avilit les autres les transforme en corps à exterminer. Pour ce faire, nous proposons une analyse d’articles qui traitent des meurtres de personnes transgenres dans le Minas Gerais, à la recherche d'indices pour aider à comprendre comment la peur présente dans ces productions journalistiques et sa relation avec la vie sociale peuvent façonner le désir d'exclure l'autre. ***
O presente artigo tem o objetivo de analisar de que maneiras os marcadores de gênero e raça são operacionalizados pela sociedade e pelos mecanismos do Estado a partir de atravessamentos múltiplos, tais como a norma de gênero e a hierarquização racial colonial. Nesse sentido, o problema percebido é que o Direito e, consequentemente, as instituições jurídicas, reproduzem hierarquias pautadas no gênero e na raça para produzir uma classe de “inimigos” da sociedade. Entende-se que o cárcere se torna o principal mecanismo de limpeza social, responsável por afastar esses indivíduos marginalizados do convívio social. Assim, com o intuito de investigar essas dinâmicas, será utilizada a metodologia jurídica-sociológica, para compreender como as relações jurídicas variam conforme as sociedades, além de promover um diálogo entre Direito e os demais campos de estudo. Para tanto, o percurso metodológico consiste em uma pesquisa bibliográfica articulada a um estudo de caso, que tornará possível a investigação de fenômenos contemporâneos a partir da história de Dora, uma mulher trans negra que, em razão de seu corpo dissidente, tem a vida marcada pela atuação do Estado, tanto pela a ausência como pelo excesso. Desse modo, a principal contribuição deste trabalho é evidenciar os processos de precariedade, vulnerabilidade e marginalização que atuam com a necropolítica para subalternizar determinados sujeitos, como Dora, além de demonstrar que esses processos são, constantemente, reproduzidos e operacionalizados também pelas instituições jurídicas.
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