Neste artigo analiso a história de vida de Luíza, uma jovem mulher e mãe soropositiva, de camadas populares do Rio de Janeiro. Acompanhá-la permitiu compreender uma série de negociações e instâncias existenciais e relacionais que a conforma, que vão desde sua infância, o momento de sua gravidez e embates micropolíticos do dia a dia. Esse texto procurou visibilizar essa interlocutora, lançando mão de perspectivas antropológicas que nos informam ações sociais e a análise fenomenológica do “eu”, da noção de pessoa. As relações de parentesco, o diagnóstico de uma doença moralizante e traumatizante, seu tratamento diário, os projetos de maternidade e as dinâmicas de gênero bem como o ato de escrever acerca dessas experiências, parecem nos informar que a atenção minuciosa de uma biografia em específico é uma saída crucial para o entendimento da experiência vivida pelos atores e é, portanto, rico do ponto de vista etnográfico.