A região Nordeste do Brasil sofre com déficit crônico de recursos hídricos, especialmente para abastecer as indústrias em cidades grandes. Como consequência, seu desenvolvimento industrial é restrito quando comparado com outras regiões do Brasil. Uma possibilidade para minorar esse problema é transformar o esgoto de regiões urbanas em água com utilidade para a indústria. Todavia, as lagoas de estabilização que já estão em operação não podem produzir um efluente que seja aceitável para uso industrial. Contudo, é possível transformar lagoas de estabilização existentes em sistemas com pré-tratamento eficiente, por exemplo, em reatores UASB e tratamento complementar em lagoas de polimento em regime de bateladas sequenciais (LPBS), podendo haver uma lagoa de transbordo intermediária. Nessa transformação, pode-se aproveitar a infraestrutura do sistema já existente. No presente trabalho, analisa-se um caso hipotético de um sistema de lagoas de estabilização sendo transformado num sistema UASB-LPBS. No exemplo, o sistema recebe uma vazão afluente de 45.000 m3/d de água residuária mista, de origem doméstica e industrial. O sistema convencional de lagoas de estabilização opera com um tempo de permanência de 28 d e ocupa uma área de 73 ha. Deseja-se obter um efluente com baixas concentrações dos constituintes indesejáveis: sólidos em suspensão, material orgânico, patógenos, nitrogênio, fósforo e sulfato. Para tanto, propõem-se as seguintes transformações: (1) reatores UASB serão construídos na lagoa anaeróbia existente; (2) a lagoa facultativa existente passará a funcionar como uma lagoa de transbordo e (3) as lagoas de maturação serão transformadas em lagoas de polimento.
Palavras-chave: Tratamento de esgoto. Reúso industrial. Remoção de nutrientes. Reator UASB. Lagoa de polimento.