Resumo O texto é um relato de experiência da participação no Grupo de Estudos psicoQuilombologia ocorrida nos meses de setembro de 2020 a março de 2021, período atravessado pela segunda onda da pandemia de COVID-19 no Brasil. O objetivo do relato é apresentar o conceito-movimento de psicoQuilombologia como uma proposta epistemológica quilombola de agenciamento de cuidado e saúde, com base em uma escuta que se faça descolonial e inspirada no fecundo e ancestral acervo de cuidado dos povos africanos, quilombolas e pretos, preservado e atualizado em nossos quilombos contemporâneos. A metodologia utilizada é a escrevivência, método desenvolvido por Conceição Evaristo que propõe uma escrita em que as vivência e memórias estão totalmente entrelaçadas, imersas e imbricadas com a pesquisa. O resultado das escrevivências dessa pesquisa descortinam que os povos pretos desenvolveram práticas de cuidado e acolhimento às vulnerabilidades do outro, enraizadas no fortalecimento de laços e conexões coletivas de afetos e cuidado mútuos. Práticas de cuidado que articulam memória, ancestralidade, tradição, comunidade, transformação, luta, resistência e emancipação, engendrando modos coletivos de ser e viver. Nas quais cuidar do outro implica tratar suas relações e situar o cuidado como extensão de uma cura que se agencia no coletivo. O trabalho conclui apontando que o cenário pandêmico vigente acentua a pungência de se desenvolver estratégias de cuidado baseadas em epistemologias pretas e quilombolas, valorizando os sentidos de ancestralidade, comunidade, pertencimento e emancipação.