A montagem da escolarização: discutindo conceitos e modelos para entender a produção histórica da escola moderna Resumo Vários conceitos têm sido propostos para entender a especificidade da educação e da sua persistência no tempo e no espaço, apesar de várias tentativas para reformá-la. Neste artigo, a autora analisa mais de perto os conceitos de "gramática da escolarização", "forma escolar" e "cultura escolar". Esses conceitos também têm sido usados para tratar da expansão global da escolarização e da adoção de estruturas e visões semelhantes, num processo coincidente com o de ocidentalização e do colonialismo. A autora lê os três juntos e analisa com certo detalhe o que eles dizem sobre a escolarização, bem como alguns de seus pontos cegos. Ela, então, apresenta duas alternativas para o que percebe serem suas limitações: em primeiro lugar, uma abordagem histórica e antropológica para a cultura escolar e, em segundo, o conceito de redes e montagens de Bruno Latour. Embora as duas não sejam exclusivas uma da outra, elas tendem a crescer em diferentes projetos intelectuais, que são aqui discutidos. Apesar de reconhecer que a teorização pode ser um projeto arriscado, a autora argumenta que os pesquisadores têm muito a ganhar ao navegar nestas águas turbulentas, produzindo uma teoria fundamentada e local que ilumine a "mais do que uma, menos do que muitas" configurações da escolarização.
Palavras-chave:Teorias da escolarização; Forma escolar; Gramática escolar; Cultura escolar; Teoria do ator em rede.
Inés Dussel
LinhasThe Assembling of Schooling: discussing concepts and models for understanding the historical production of modern schooling Abstract Several notions have been proposed to understand the specificity of schooling and its persistence across time and space, despite several attempts to reform it. In this article, the author analyses more closely the notions of the "grammar of schooling", forme scolaire, and "school organizational culture". These notions have also been used to address the global expansion of schooling and the adoption of similar structures and visions, in a process coterminous with westernization and colonialism. The author reads the three of them together and analyses with some detail what they say about schooling as well as some of their blind spots. She then presents two alternatives to what she perceives to be their shortcomings: first, a historical and anthropological approach to school culture; and second, Bruno Latour's notion of networks and assemblages. While the two of them are not exclusive of each other, they have tended to grow different intellectual projects that are discussed here. While acknowledging that theorizing might be a risky project, the author argues that researchers have a lot to gain from navigating these turbulent waters, producing a grounded, local theory that illuminates the 'more than one, less than many' configurations of schooling.