Usos Da Memória: As Experiências Do Holocausto E Da Ditadura No Brasil

Abstract

Observa-se hoje uma série de esforços voltados para a recuperação da memória do período ditatorial no Brasil. A partir da discussão da memória do holocausto, o artigo busca chamar a atenção para a necessária reflexão acerca do potencial que a memória do período ditatorial apresenta para a promoção da reconciliação nacional. Ciente do potencial libertador/restaurador da rememoração, este artigo discute, além da dificuldade de comunicar da memória traumática, os riscos relacionados ao seu uso. Ao discutir esses temas, esperamos contribuir para que os sentidos atribuídos às memórias de milhares de vítimas possibilitem a construção de projetos que modifiquem o presente e o futuro, de forma a evitar a manutenção de situações de violação de direitos humanos.

Comissão Nacional Da Verdade No Brasil

“…Por razões complexas, "esse processo de reconstrução gera mutações na memória que correspondem às implicações do presente com o passado. Ao movimentar-se socialmente, a memória também é alterada" (PAIXÃO; FRISSO, 2016).…”

National Truth Commission in Brazil: the Thread of History and the Right to Memory and Truth

“…So as not to be trapped in the anguishing past, but not to forget it for the sake of justice for the victims and care for future generations, the happy memory idea seems to be in the dialectic between history and memory, passing through the proof of forgetfulness and forgiveness, as Ricoeur (2007) thinks. Memory has a democratic potential and, precisely for this reason, as Paixão and Frisso (2016) note, the relationship between memory and reconciliation, as well as between memory and democracy is not established automatically:…”

“…Language is not always able to translate or exemplify the facts of human rights violations. The experiences of Nazism, fascism, terrorism, torture, and so many other forms of violence are not always translatable by language (Paixão and Frisso, 2016). This perfect isolation from an experience of horror makes it difficult for us to understand the past.…”

“…34 This path of the CNV's memory recovery work has acted against the memory prevented from accessing the past, and that operates by forging obstacles that cause a "forgetful memory". By reorganizing that space of experience in which natural or even spontaneous memory is projected into the present, its reconstruction observes precise political demands and interests, which can be translated as a vehicle of power (Paixão and Frisso, 2016).…”

Bolsonaro e a cultura do politicamente incorreto na política brasileira

“…O caráter pedagógico do conhecimento histórico se desfaz e o processo político e social marcado pela violência contra as minorias e os opositores passa a ser ignorada 4 . Sendo assim, fácil para que discursos revisionistas como o de Bolsonaro consigam adeptos entre os jovens (PAIXÃO;FRISSO, 2016). Suas afirmações no programa Roda Viva são possíveis por causa de um conhecimento histórico que não se universaliza.…”