Qual relação o mercado editorial tem com o crescimento de Jair Bolsonaro? Neste artigo, apresentamos uma correlação entre o surgimento, em nossa história recente, de uma cultura específica que difunde valores compartilhados pela nova direita e que ganharam a alcunha de politicamente incorreto e Bolsonaro, que seria seu tradutor ao grande público. Para tanto, demonstramos, de um lado, como a partir de 2009 surge um número cada vez maior de obras com o sintagma politicamente incorreto no título, apresentando manuais sobre os mais diferentes temas (filosofia, história, sexo etc). Ao mesmo tempo que, de outro, há o crescimento da figura política de Bolsonaro, principalmente por meio de sua página no Facebook, no qual passa a publicar conteúdos contra o politicamente correto. Assim, concluímos que as publicações acabaram servindo de fonte, traduzida e ressignificada pelo político, para atingir um público antipetista e insatisfeito com o establishment.
Enquanto doutrina, o neoliberalismo ganha seus primeiros contornos nos anos 1930. Na mesma época, intelectuais brasileiros estudavam a formação social do Brasil objetivando compreender sua identidade. De um lado, a criação de um modelo teórico válido universalmente. De outro, a preocupação de compreender a especificidade histórica de um país no mundo. A partir dos anos 1980, a cartilha neoliberal começa a ser seguida por diversos países. No Brasil, há décadas o ensaísmo era rechaçado pelas Ciências Sociais por sua pouca objetividade, em função de se voltar para o caráter de uma sociedade. Tornando-se hegemônico na passagem do século XX para o XXI, o neoliberalismo passou a ser compreendido também como uma racionalidade, por organizar a vida social. Assim, o objetivo deste artigo é analisar a obra de Francisco de Oliveira após o Plano Real (1994) para demonstrar que ele mobilizou o ensaísmo para destacar que as políticas neoliberais organizam a vida social através do caráter nacional.
Em 2010, a Penguin-Companhia lançou uma nova tradução de “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel. Entre os paratextos, um prefácio de Fernando Henrique Cardoso. Justamente no contexto da Revolução de 1930, Octávio de Faria publicou “Maquiavel e o Brasil” e as primeiras traduções de “O Príncipe” foram lançadas no país. Assim, direita e esquerda recepcionaram Maquiavel como teórico político da autoridade. Somente a partir dos anos 1980, no campo acadêmico, que seu republicanismo passou a ser enfatizado. Porém, Cardoso, ao escrever seu prefácio para “O Príncipe”, fez a viagem redonda e leu Maquiavel para pensar a liderança política. O objetivo deste artigo, portanto, é fazer uma análise das leituras de Maquiavel no Brasil, a partir de prefácios e comentadores, para entender sua atratividade como manual para governar no campo político.
O crítico de arte e socialista Mário Pedrosa (1900-1981) foi um opositor implacável do desenvolvimentismo. Posicionava-se contra o modelo econômico vigente no Brasil desde 1945. Com o Golpe de 1964, esse modelo entrou em crise e passou a ser avaliado criticamente pela esquerda. Nisso, Pedrosa sistematizou sua crítica no interior de A Opção Imperialista e A Opção Brasileira, publicados em 1966 pela Civilização Brasileira. Ao tentar compreender a crise política e social envolta no golpe de Estado, defendeu que o projeto desenvolvimentista desvinculou as transformações econômicas da dinâmica social. E, ao esboçar as Reformas de Base, que alterariam as relações capitalistas, tanto entre as classes sociais quanto entre o capital nacional e o capital estrangeiro, João Goulart sofreu a reação da burguesia nacional, apoiada pelos interesses dos Estados Unidos e executada pelos militares.
Por causa dos artigos recebidos para o Dossiê Pensamento Político Brasileiro, publicado em duas partes, nas edições da Em Tese de 2017, podemos inferir tanto o vigor constante das pesquisas presentes nesse campo de estudo quanto o interesse despertado por ele nas novas gerações de pesquisadores. A longevidade das pesquisas sobre o pensamento político brasileiro (PPB), que antecede a própria institucionalização da Ciência Política no Brasil, demostra o potencial investigativo desse campo - quando se reposiciona a compreensão de uma determinada tese ou se modifica a explicação das condições históricas de sua origem. Tomando o Dossiê Pensamento Político Brasileiro da Em Tese como uma amostra desse campo de estudo, podemos refletir sobre o estado da arte e da produção intelectual do PPB. Através dos temas dos 16 artigos desse dossiê e do IES de seus autores, podemos refletir sobre os grupos de estudo do PPB e ao avançarmos com a análise das referências bibliográficas usadas neles para questões teóricas e metodológicas desse campo.
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