A participação de mulheres em movimentos sociais tem sido pouco destacada em nossa história e, mesmo quando estudada, pouca atenção tem se dirigido a sua presença ativista em movimentos na Região Nordeste. Nossa historiografia carece também de maiores reflexões sobre possíveis processos de conscientização feminista deslanchados por esse ativismo e como se intersectam com outros determinantes sociais, tal como classe e raça. Neste artigo, pretendo discutir a atuação das mulheres do Subúrbio de Plataforma nos movimentos de bairro e de mulheres em Salvador nos anos 1980 e 1990, período em que acompanhei de perto suas lutas. Em especial, volto-me aqui para a participação das mulheres na criação da Associação de Moradores de Plataforma - AMPLA e da Federação das Associações de Bairros de Salvador – a FABS, entidade que liderou os movimentos populares em Salvador no período em apreço. Procuro demonstrar como a participação nessas lutas e nos movimentos de mulheres da cidade contribuiu, por um lado, para um processo de “feminização do poder” nas entidades de bairros e, por outro, para o deslanchar de uma conscientização dita “feminista” entre as mulheres e, assim, para o crescimento de um “feminismo popular” em Salvador e arredores nesse período.