Este artigo discute o projeto de formação humana presente em publicações do Banco Mundial para a Educação, de modo geral, e para o Brasil, com recorte temporal entre 2000 e 2014. Tais publicações objetivavam produzir consenso acerca de suas propostas político-educacionais e construir uma compreensão falaciosa da realidade objetiva por meio de ampla desqualificação do professor e da escola pública. A narrativa de desqualificação precede recomendações para projetos de Educação que alinham a formação da classe trabalhadora aos moldes flexíveis da sociabilidade capitalista. Na lógica bancomundialista a Educação é responsável pelo alívio da pobreza e pelo desenvolvimento econômico, devendo ser pautada pela noção de competências e pela Teoria do Capital Humano revisitada. Deste modo, promoveria uma educação de “classe mundial” para as demandas (do capital) do século XXI. Ademais, elide o real movimento econômico no século XXI, compreendido no conceito de capital-imperialismo, em que a dominação interna do capital necessita e se complementa por sua expansão externa, incidindo diretamente na relação capital-trabalho. Com a intenção de legitimar a barbárie do projeto educativo do capital, uma grande ofensiva ideológica foi colocada em curso a fim de sustentar o modo de organização política e econômica e sua necessária sociabilidade.
Resumo Trata-se de pesquisa teórica realizada com base em documentos oficiais produzidos entre 2015 e 2020, por organismos multilaterais e organizações da sociedade civil, bem como notícias veiculadas na internet que tratam de temas relacionados à educação, especialmente no período da pandemia do novo coronavírus. Verifica-se o apelo ao uso das tecnologias e educação em Educação a Distância, combinado com discursos que ressaltam as competências socioemocionais e formação de professores sob a ótica da flexibilidade e centralidade no aluno como protagonista de suas próprias escolhas diante do aumento das desigualdades sociais e novos requerimentos do mercado de trabalho. Utilizou-se como método de análise o materialismo histórico, sob o qual a relação trabalho e educação e as políticas educacionais daí decorrentes são apreendidas como expressão da ordem do capital. No atual momento histórico, o capital em crise determina as novas condições e necessidades de formação para a classe trabalhadora, materializadas pela ação dos aparelhos privados de hegemonia e intelectuais coletivos do capital, esses examinados à luz das contribuições de Gramsci.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.