Embora se deva a São Paulo o descobrimento de mais de u m terço do imenso território do Brasil, alcançando a Capitania dominar além da área que lhe sobrou, após a independência, da ocupada hoje pelos estados de Minas Gerais, Santa Catarina (o Paraná pertenceu-lhe até 1853), Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso, pouca ou nenhuma importância tiveram os piratininganos nos fatos de nossa História nos últimos tempos da Colônia. Frizo, nos últimos tempos da Colônia. Conseqüência, sem dúvida, de seu empobrecimento, tendo chegado a perder a sua autonomia, que só seria restaurada em 1765, com a designação do provido Morgado de Mateus para seu novo governador.C o m a vinda da família real de Portugal para o país e a promoção do Brasil a Reino Unido, e m 16 de dezembro de 1815, só então os Paulistas começaram a revelar-se na política.Principiam os liames coimbrãos com a preponderância brasileira, H á u m certo exagero nessas expressões, porque o método, as disciplinas e os professores, tudo seguiu por algum tempo e de certa maneira o espírito, os hábitos, o ritual de Coimbra.Mas a guerra, na imprensa e no parlamento, contra a localização de u m dos dois cursos e m São Paulo, capital, calcava-se e m argumentos como estes: a) o clima da Capital era péssimo; b) falava-se aqui u m a linguagem feia; c) o acesso era difícil, dada a nossa situação geográ-fica.Quanto ao clima, realmente para os brasileiros do Norte -São Paulo não agradava -e era José da Silva Lisboa, baiano, depois Visconde de Cairu, e o notável mineiro Bernardo de Vasconcelos, os que mais insistiram nesse e no segundo argumento.-454 -É lembrar que, bem mais tarde, o condoreiro CASTRO ALVES, que aqui estudou, escrevia para u m conterrâneo, na"Se leres poesias nebulosas, germânicas, tiritantes, hí-bridas, acéfalas, anômalas... não critiques nunca, antes de veres se são de São Paulo, e se forem.cala-te... São Paulo não é Brasil... é u m trapo do pólo pregado à goma arábica na fralda da América. ."Isto, quanto ao clima. Quanto à linguagem, concedamo-lhes também u m tanto de razão. A cidade, influenciada pelos ituanos, sorocabanos, tietenses, capivarianos, bragantinos, costumava deturpar a pronúncia do idioma pá-trio. Freqüentemente, mesmo entre pessoas educadas, trocava-se o r pelo /, e vice-versa.Isso, além de outros vícios prosódicos que chegaram até os nosso dias. Jamais esquecemos daquele incidente pitoresco, na Universidade de Lisboa, com o nosso saudoso Prof. Waldemar Ferreira. Este, convidado para proferir u m curso de Direito Comercial, perante aquela douta casa de ensino superior, o fêz com grande mestria e maior sucesso. Mas, na sua primeira aula, chegou o provocar risadas prolongadas a sua pronúncia bragantina.O terceiro argumento da distância, pelo menos, para os mineiros não valeu. Pois, tentaram eles levar para a cidade de Mariana u m a universidade, quando se discutiu o assunto na Assembléia Constituinte. Ora, a cidade de Mariana localiza-se muito mais distante da orla marítima que a nossa Capital, bem no interior de Minas.Por sinal que coube ao sena...