Este artigo debate o tema da despatriarcalização do Estado brasileiro, especialmente, a partir da dinâmica de participação/representação nos âmbitos dos poderes Executivo e Legislativo. Esse é um processo em curso no Brasil (e também em outros países latino-americanos). O artigo trás uma contribuição ao debate sobre as agendas de descolonização das nossas sociedades e também do Estado, numa perspectiva em que o marcador de gênero não seja tratado perifericamente, mas como elemento estratégico para a descolonização/despatriarcalização do Estado, um dos eixos centrais de análise das opressões de origem patriarcal. Mas para chegar a esse ponto foi necessário um percurso longo por leituras críticas da teoria feminista e do pensamento social brasileiro, que debateram sobre estruturas, valores e fundamentações teóricas de um sistema social e político que afirmo ser ainda enraizadamente patriarcal e neocolonial em nosso país. Veremos como esse contexto é permeado de inúmeras contradições: o patriarcado tem igualmente se transformado e, infelizmente, continua moldando as nossas instituições estatais, tratando de garantir e sustentar a inserção subordinada das mulheres nas distintas dimensões da esfera pública e, com isso, retardando e muito os avanços que os movimentos de mulheres demandam e lutam, mas já há iniciativas também em curso de mecanismos que possam compor sistemas de responsabilização institucional sensíveis a gênero e que sejam receptivos a processos continuados de empoderamento das mulheres como estratégia democratizadora do Estado brasileiro no âmbito dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Os países latino-americanos enfrentaram profundas transformações sociais e demográficas nos últimos vinte anos, com a incorporação massiva das mulheres no trabalho remunerado, transformações no escopo da família nuclear e o envelhecimento de sua população. Essas transformações geram dilemas associados à relação entre o trabalho remunerado e não remunerado e à “crise do cuidado”. Se houve uma renovação da agenda social entre o início do século e meados da sua segunda década, na América Latina, quais foram as percepções e respostas dos Estados a estas transformações? A partir do aporte da literatura sobre Estados de Bem-Estar Social, suas críticas feministas e adequações para pensar o contexto regional, serão analisados os planos nacionais de igualdade de gênero, com o objetivo de averiguar se e como os governos consideraram, valoraram e propuseram soluções para essas transformações. Conclui-se que para que os sistemas de bem-estar latino-americanos desafiem as desigualdades de gênero é necessário efetivar e fortalecer a participação do Estado na produção do viver.
The "humanistic" or "solidarity-based" trend in the Brazilian strategy of international insertion, adopted after the rise to power of President Lula and considered innovative, consolidated the objective of prioritizing the South-South axis and can be explained by domestic, regional, and systemic reasons. This strategy was put into practice by increasing the international aid granted by Brazil, by transferring resources and technology and by the emphasis placed on conveying to partner countries some of the domestic social policies and programmes developed successfully by the Brazilian government. The aims of this paper are: (a) to look at how this "humanism" and "solidarity" appeared in the discourse of the Brazilian authorities; (b) to discuss the reasons for them and their logic in the national, regional, and systemic dimensions; and (c) to map the initiatives adopted, the preferred partners and areas, the resources used and the intragovernmental connections necessary for their implementation. (2013) 7 (2) 8 -36 bpsr Humanism and Solidarity in Brazilian Foreign Policy Under Lula (2003-2010): Theory and Practice(engajada) (Almeida, 2004); that it sought a "sovereign presence" in the world system (Souto Maior, 2004); that it was based on a search for a new "diplomatic architecture" (Almeida, 2005); that it followed a strategy of attaining "autonomy through diversification" [of partners] (Vigevani and Cepaluni, 2007) and that it was based on a "charismatic diplomacy" that was "impossible to transfer" (Ricupero, 2010), among many other labels and adjectives. 2 Celso Amorim, Minister of Foreign Affairs during Lula's two terms in office, said in an interview immediately after his appointment to lead Itamaraty once again 3 that the country's foreign policy would be "lofty and active" (altiva e ativa). In another interview, towards the end of his eight years as Lula's foreign affairs minister, Amorim stated that he preferred to label it as "fearless and solidarity-based" (desassombrada e solidária) (Amorim, 2010).Until quite recently, few Brazilian foreign policy analysts had stressed the importance that this emphasis on "humanism" and "solidarity" had on Lula's strategy of international insertion, even if, as we will see, it was strongly present in public speeches given both by Lula and Amorim since the very beginning, and even if it was almost immediately translated into practice. Lima and Hirst (2006: 22), however, state that the "inclusion of the social agenda as a major topic of foreign affairs was one of the first and most important innovations".This new tendency of the country's foreign policy, regarded as innovative, consolidated the objective of prioritizing the South-South axis. With this objective, Brazil established closer ties to countries on the periphery of capitalism, which can be explained by domestic, regional, and systemic reasons. This strategy was put into practice, inter alia, by the increase in international aid granted, the transfer of resources and technology, and the emphasis placed on conveyin...
Íconos, Revista de Ciencias Sociales es una publicación de Flacso-Ecuador. Fue fundada en 1997 con el fin de estimular una reflexión crítica desde las ciencias sociales sobre temas de debate social, político, cultural y económico del país, la región andina y América Latina en general. La revista está dirigida a la comunidad científica y a quienes se interesen por conocer, ampliar y profundizar, desde perspectivas académicas, estos temas. Íconos se publica cuatrimestralmente en los meses de enero, mayo y septiembre. Íconos. Revista de Ciencias Sociales hace parte de las siguientes bases, catálogos e índices:
Resumo: O artigo tem o objetivo de examinar como as tradições do marxismo clássico, do século XIX ao início do século XX, compreenderam a questão da prostituição, conectando-a com visões específicas sobre as relações de gênero, sobre a autonomia sexual e sobre as formas de superar a opressão sobre as mulheres trabalhadoras. Reconhecendo a diversidade das perspectivas trazidas por essas tradições e os relativos limites, a crítica à instituição da prostituição será construída pelas/os autoras/es a partir da necessidade de superação do sistema capitalista de produção, do desmonte das instituições burguesas como a família e o casamento, da construção de relações sociais igualitárias e calcadas na solidariedade e como forma de emancipação feminina.
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