A palavra "amizade" em português refere-se tanto a um sentimento quanto a uma relação específica. Segundo o dicionário Aurélio, esse sentimento engloba outros, como afeição, simpatia e ternura, e pode, assim, estar presente em relações que não são caracterizadas como de amizade. Já no dicionário inglês Oxford, encontramos uma definição mais restrita da categoria, que se refere apenas à relação entre amigos ou ao sentimento associado a essa relação específica. Embora sejam definições formais de dicionários, esses significados apontam para elaborações culturais particulares, mostrando como o conceito de amizade pode diferir de sociedade para sociedade.Na escassa literatura nas ciências sociais sobre o tema, a amizade é vista em geral como uma relação afetiva e voluntária, que envolve práticas de sociabilidade, trocas íntimas e ajuda mútua, e necessita de algum grau de equivalência ou igualdade entre amigos Paine 1974;Suttles 1970). Nessa discussão, a amizade é alocada estritamente no domínio privado da vida social. Entretanto, alguns estudos mais recentes (Bell e Coleman 1999; Papataxiarchis 1991; Silver 1989) mostram como os significados da amizade em contextos históricos e culturais distintos vão realçar ou eclipsar esses termos, que, por sua vez, se mostram entrelaçados com uma forma especificamente ocidental e moderna de pensar a pessoa e sua relação com os outros, problematizando também sua localização na esfera privada (Comerford 1999;Rezende 2001). Nesse questionamento, destaco os diversos lugares que o elemento emotivo pode ocupar na amizade, ora recebendo ênfase, como parece sugerir a definição do dicionário brasileiro, ora se tornando secundário se comparado a outras características da relação.Por exemplo, entre os ingleses que estudei em Londres, o discurso sobre a amizade salientava uma série de aspectos do relacionamento entre amigos -gostos e senso de humor em comum, espontaneidade, revelações pessoais, confiança, apoio mútuo -, mas trazia poucas referências
ResumoEste artigo analisa o modo como a gestação é tratada na Revista da Gestante -em particular a visão de um processo que pode ser em grande parte controlado pela gestante. Nessa publicação as reportagens fornecem, através de um discurso prescritivo, "dicas" para uma gravidez "tranquila e feliz". O foco das matérias é a percepção de uma natureza emotiva à gravidez, durante a qual os sentimentos de medo e ansiedade seriam recorrentes. Através da análise dos sentimentos tematizados, destaco uma visão da gestante como agente autônomo e relativamente isolada do seu círculo social, a não ser pela estreita relação com os especialistas médicos. Consequentemente, o problema do controle de si e das emoções, tema caro às sociedades ocidentais modernas, torna-se uma questão para a gestante.Palavras-chave: Gravidez, Mídia, Emoção. * Recebido para publicação em março de 2009, aceito em dezembro de 2010.
Resumo Em minha pesquisa sobre narrativas de parto de mulheres de camadas médias no Rio de Janeiro, figuram muitos profissionais de saúde, bem como exames de ultrassonografia que se tornam pontos de inflexão da experiência de gravidez e parto. Neste artigo, busco entender o significado dado a estas menções no contexto das narrativas de experiências da medicalização da gravidez e parto destas mulheres. Entendo estas histórias como formas de expressão não apenas como um meio de expor a experiência, mas também como modos de estruturá-la. Proponho ver estas histórias como maneiras de articular biografias a significados culturais de pessoa, corpo, gênero e maternidade, dando, portanto, sentidos específicos às experiências de parto destas mulheres. Elas oferecem também uma compreensão da experiência do sistema médico, mostrando como as mulheres negociam sentidos de práticas e diagnósticos ao longo de suas gestações e partos.
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