Trata-se de uma investigação teórica que objetivou compreender os impactos na constituição psíquica da criança adotada por um casal homoafetivo. Apresentam-se os avanços relacionados à viabilidade jurídica desse tipo de adoção e, a partir da teoria psicanalítica, destaca-se a importância das funções parentais na constituição psíquica, uma vez que são exercidas na ordem do simbólico, interligando-se ao desejo e à significação da criança e não necessariamente submetidas ao real da anatomia do par parental. As considerações finais apontam para a necessidade de uma ampla discussão sobre a família homoparental e destaca o papel do psicólogo na compreensão dessa organização familiar.
Para a psicanálise, a constituição subjetiva remonta ao que se estabelece nos encontros e desencontros no seio familiar, os quais originam um vínculo nomeado relação mãe-bebê. A partir de uma investigação teórica, o artigo sustenta a hipótese de que o estabelecimento de um diagnóstico psicopatológico no período inicial de vida do bebê pode provocar problemas no vínculo, relacionados tanto a uma dificuldade da mãe em exercer a função materna, quanto a um embaraço do bebê em responder ao Outro materno. Assim, ao propor uma intervenção a tempo com o bebê e os pais, a psicanálise possibilita construir uma saída que envolve recuperar essa relação, de modo a fortalecer o vínculo e buscar um novo lugar para esse bebê no desejo do Outro.
Em tempos de um capitalismo fluido e que se retroalimenta ideologicamente, em que a pretensa necessidade do consumo desenfreado de objetos de desejo aponta para a promessa da conquista de um gozo irrestrito, a herança do ensino e da clínica de Lacan, sustentada por seu retorno a Freud, reafirma-se como um poderoso instrumento de análise, crítica e desalienação social. A partir disso, o presente artigo pretende analisar criticamente, por meio da proposição lacaniana dos discursos e do laço social, a recente cultura do consumo e o papel planejado da frustração do gozo nas relações sociais e de mercado, além da influência desses elementos como produtores de subjetividade. O fenômeno do consumo excessivo se torna altamente relevante por tomar grandes proporções na constituição do sujeito da pós-modernidade, fazendo-se indispensável para uma análise das relações sociais, econômicas e culturais na contemporaneidade.
A ideia de sujeito em Freud (1905 se relaciona à exigência de satisfação da pulsão sexual, como é discutido, de forma abrangente, em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, texto em que o autor delineia o desenvolvimento psicossexual da criança. Ao afirmar que as crianças obtêm prazer com determinadas atividades cotidianas ligadas ao corpo, como a sucção, a defecação e a masturbação, Freud (1905 toma como fundamento da sexualidade infantil a disposição perversopolimorfa. Assim, as manifestações sexuais da criança são perversas porque não têm relação com a reprodução e são polimorfas porque não estão centralizadas em um objeto sexual, mas assumem formas variadas de satisfação por meio de zonas erógenas, partes da pele ou da mucosa de onde se origina uma excitação sexual e que são tomadas como a principal referência para os outros prazeres do corpo. Portanto, o corpo da criança é tomado por pulsões parciais autoeróticas, que são pulsões sexuais fragmentadas e independentes entre si no que diz respeito à busca pela satisfação. A obtenção de prazer é encontrada no próprio corpo e não em um objeto externo.A partir da caracterização da vida sexual infantil, Freud (1905 propõe uma organização sexual por meio de quatro fases de desenvolvimento -oral, sádico-anal, fálica e genital -que vão culminar na vida sexual adulta, em que as pulsões, antes parciais, ficarão sob o domínio da zona genital. Todas as fases organizam um conflito interno típico e um modo de defesa, como no caso da fase fálica, em que o conflito do desejo libidinoso pela mãe precipita o complexo de Édipo como sintoma de um desejo incestuoso. Convém desatacar ainda que as fases de desenvolvimento são resultados de um processo que inclui o acionamento de mecanismos de defesa como o recalque e a projeção, que por sua vez implicam fixações e regressões para caracterizar sua estruturação mais dinâmica -já que sinuosa -do que linear e determinista. Cada fase diz respeito a uma etapa do desenvolvimento da libido em que há a preponderância de uma zona erógena e uma modalidade específica de relação com o objeto.A fase que dá início à organização sexual infantil é a fase oral, que Freud (1905 chega a denominar de "canibalesca", uma vez que a boca é o destino ResumoApresentam-se as ideias de Sigmund Freud, Melanie Klein e Jacques Lacan a respeito da constituição subjetiva, destacando-se como eles contribuíram para que a criança fosse considerada um sujeito e não apenas um objeto de intervenção. Por meio da escuta de seus pacientes adultos, Freud teorizou o desenvolvimento da sexualidade infantil a partir da organização libidinal em fases psicossexuais. Mas, a psicanálise de crianças ganhou contornos precisos a partir de Klein, que atendeu crianças pequenas e teorizou aspectos dos estágios iniciais do desenvolvimento do bebê, estabelecendo o campo pré-edipiano. Lacan resgatou da filosofia o termo sujeito, dando-lhe uma nova concepção: o sujeito não é o indivíduo, pelo contrário, é um sujeito marcado pela divisão consciente/inconsciente.Palavras chave: Freud; Kle...
RESUMO: A partir da literatura psicanalítica, são discutidas as consequências da incidência do ideal médico-científico contemporâneo e da subjetividade dos pais para a constituição do sujeito-criança. Objetiva-se demonstrar que, na contramão do ideal médico-científico que trata a criança como objeto de intervenção, a psicanálise escuta essa criança - sua voz e seu discurso - como um sujeito que tem o que dizer sobre sua falta de atenção e hiperatividade. Conclui-se que, para se constituir como sujeito desejante, a criança deveria ser tomada como extimidade, como sujeito do próprio discurso e construtora de um saber peculiar acerca de seu sintoma.
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