A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais Neste artigo, o objetivo é apresentar a gestão ordinária, que foge aos parâmetros gerencialistas ao focar o cotidiano do homem comum que administra negócios ordinários, os empreendimentos familiares, com suas relações sociais estabelecidas, sua forma de organizar seus negócios, suas estratégias de sobrevivência, seus usos e sentidos dos espaços -de negócio e de família -e a rede de relações tecidas por eles. Neste texto, questiona-se a perspectiva da administração como única, baseada em um conhecimento tido como puro ou neutro (restrito ao racional), absoluto e universal (excludente de outros saberes concorrentes) e que triunfou política e economicamente por meio das tecnologias de gestão. Em contrapartida a esse posicionamento, defende-se que se devem levar em consideração os fatores históricos, sociais, culturais e identitários que diferenciam os sujeitos e na prática cotidiana pluralizam a gestão. Portanto, há outras abordagens capazes de contribuir para o avanço do conhecimento científico na área de estudos organizacionais, sendo a gestão ordinária uma dessas abordagens.
O presente artigo tem por objetivo contribuir para o entendimento do conceito de gestão ordinária (Carrieri, Perdigão & Aguiar, 2014), por meio do estudo de uma pequena organização familiar, a Cafeteria Will Coffee. A gestão ordinária não é apresentada como um ‘modelo’ alternativo de gestão, tão pouco como um método formal de pesquisa, mas como uma crítica aos modelos e postulados gerenciais dominantes, que buscam simplificar a realidade complexa do ambiente sócio-organizacional. Ao tomar como caso de estudo uma cafeteria aberta em um bairro operário de Contagem (MG), cujas peculiaridades tornaram sua história pública, noticiada em diversos veículos da mídia jornalística e especializada, busca-se evidenciar e ressaltar aspectos rotineiramente silenciados, desprezados, ou apagados das complexas narrativas que não cabem nos modelos habituais, como a espontaneidade, o não planejamento e a improvisação. Conclui-se que a gestão ordinária colabora com a área de Estudos Organizacionais ao possibilitar a recuperação de outras experiências de gestão, dando voz aos ‘sujeitos’ comuns e se interessando por suas histórias, discursos, e práticas, recuperando o direito de eles serem vistos como gestores e produtores de conhecimento.
Neste artigo, analisou-se discursos sobre o blackface no mundo fashionista e da beleza a partir da busca pela representatividade e pelo protagonismo negro, em contraponto a uma liberdade de expressão artística do profissional da área. Foi investigado um caso de blackface publicado pela empresa de cosméticos Avon em sua rede social. O corpus de análise constituiu-se por discursos presentes nos comentários registrados na referida publicação. Os dados foram categorizados e analisados com base na vertente da análise crítica do discurso teorizada por Dijk (2012). Evidenciou-se que as práticas racistas continuam disseminadas na sociedade e seu reconhecimento ainda é dificultado por sua naturalização. Também foi evidenciado que a percepção do blackface como arte ou prática racista não está diretamente relacionada à cor da pele de quem a analisa, mas à sua percepção cognitiva embasada na sua cultura, experiência de vida, capacidade crítica, conhecimento histórico, entre outros fatores.
O contexto da pesquisa científica pode ser considerado um campo social, como um universo relativamente autônomo de relações sociais específicas. Se for considerada a concepção de Bourdieu (1989, 1996, 2004a) em relação aos campos sociais, se pode dizer que a sociedade é composta por vários campos diversos, vários espaços que possuem uma autonomia relativa, com regras e características próprias de funcionamento. Cada um desses campos funciona, segundo o autor, como microcosmos sociais que possuem valores, objetos e interesses específicos. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é analisar a percepção dos docentes acerca das (1) regras e normas do campo científico e acerca das (2) estratégias que empreendem para atuar ou sobreviver neste meio. Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva e a abordagem utilizada foi qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram docentes da Universidade Federal de Lavras, localizada no interior de Minas Gerais. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas pessoais conduzidas por meio de roteiros semi-estruturados. As principais regras do meio científico observadas pelos docentes foram: publicar, relacionar-se e obter recursos. Vários entrevistados se vêem desenvolvendo estratégias para sobreviver neste campo, as quais se relacionam diretamente ao atendimento a tais regras. A busca por reconhecimento dos próprios pares dentro do campo se mostrou significativa, assim como a busca por elementos de distinção. Destaca-se, com o estudo, a demonstração do contexto de pressão vivenciado pelos docentes entrevistados, como a significativa necessidade de publicação.
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