Resumo: Neste artigo, viso explorar a genealogia da elaboração e a tramitação de um projeto de lei popularizado no Brasil como "lei da palmada" (PL 7672/10) e que busca legitimidade no argumento da necessária adequação do país às normas internacionais de proteção à infância. Inspirada em autores que demonstram as conexões entre política, ciência e moralidades em torno do tema "infância", tratarei de identificar os principais atores engajados no debate deste projeto de lei e a tônica dos discursos proferidos na Câmara dos Deputados, nas reuniões da Comissão Especial constituída em agosto de 2011 para emitir parecer sobre o PL 7672/10. Busco também identificar como a criança universal particulariza-se no debate sobre a lei. Finalmente, o foco na controvérsia sobre as palavras a serem utilizadas no texto da lei coloca em relevo a luta discursiva que perpassa esta discussão e que trata do governo das condutas de adultos e crianças.Palavras-chave: Lei da palmada. PL 7672/10. Violência contra a criança. Metifenildato. Droga da obediência. Abstract:In this article I explore the genealogy of the elaboration and processing of a proposed bill which in Brazil is popularly known as the "Spanking Law" (i. e. the PL 7672/10) and which seeks legitimacy by arguing for the necessary adaptation of the country to international standards of Childhood Protection. Inspired by authors who demonstrate the connections between politics, science and morals around the theme of "childhood", I will try to identify the main actors engaged in this debate and the keynote of speeches delivered in the House of Representatives at the meetings of the Special Committee formed in August 2011 to evaluate the PL 7672/10. I also seek to identify how the "universal child" is particularized in debates around the proposed bill. Finally, the focus on the controversy over the words to be used in the law highlights the discursive struggle within this discussion, which concerns the government of adults' and children's conduct.
RESUMOOs dados etnográficos analisados neste artigo foram obtidos através de uma pesquisa realizada durante dois anos junto a um serviço de acolhimento de famílias, situado na ilha d'Yeu (França) e destinado a famílias ditas monoparentais em dificuldade. A partir de uma interrogação sobre o que a gravidez e o parto em situação de precariedade social produzem em termos de construção simbólica da maternidade, do olhar social sobre si e das relações sociais que estes momentos propiciam, a análise considera duas situações encontradas em campo: aquela das mulheres (todas já mães) que chegam grávidas nesta estrutura de acolhimento; e a das gravidezes que começam durante a residência na instituição.Palavras-chave: gravidez; parto; marginalidade. * Doutora em Antropologia Social, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS.
Saberes, tecnologias e práticasChildhoods and children Knowledge, technologies and practices E ste dossiê procura dinamizar uma série de debates que reúne fundamentalmente dois campos de estudo interligados: a antropologia da criança e a antropologia da infância. Tais distinções entre estes espaços de elaboração reflexiva surgiram de forma a problematizar, de um lado, as experiências e a produção de sujeitos classificados como "crianças" e seus universos relacionais e, de outro lado, a constituição de um espaço múltiplo de autoridades e modos de gestão das "infâncias". Ao mesmo tempo em que a existência conceitual destas antropologias tem mobilizado renovados debates, as controvertidas especificações "das crianças" e/ou "das infâncias", provocam reflexividade sobre a contribuição da antropologia ao vasto campo de estudos da infância, e o lugar das crianças e das infâncias na tradição e práticas etnográficas contemporâneas. Nesta perspectiva, longe de querer reforçar a grande divisão etária adultos/crianças, os trabalhos aqui reunidos, interrogam sua relativa arbitrariedade e caráter político, indicando a relevância de abordagens relacionais "das infâncias" e das práticas coletivas das quais "as crianças" participam.A constituição da Modernidade conformou a hegemonia da associação entre a noção de "criança" e de "infância", tomada como uma fase da vida socialmente distinta e fundamentalmente associada à noção de desenvolvimento e incompletude. No entanto, estudos etnográficos -atentos à variabilidade de cenários e a diversidade das configurações e sentidos dados para a "criança" e para a "infância" -têm mostrado o quanto é possível haver diferentes dinâmicas de produção das crianças e de seu protagonismo, as quais não se circunscrevem à percepção da "infância" como incompletude e desenvolvimento. Pesquisas antropológicas em diferentes espaços de
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