Este artigo traz reflexões desencadeadas a partir de uma investigação, realizada no Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), sobre os modos como pessoas adultas em processo de escolarização básica analisam suas práticas de leitura e escrita, percebem as experiências de letramento vivenciadas na instituição escolar e avaliam seus possíveis impactos naquelas práticas. A análise de quatro entrevistas semiestruturadas com alunos da Educação de Jovens e Adultos sugere que os sujeitos consideram a diversidade de suas práticas de leitura e escrita e reconhecem, mas relativizam, o papel da escola na promoçãode práticas letradas de uso social. Os entrevistados identificam a ampliação e o refinamento de suas práticas de leitura e escrita, desencadeados pelas demandas e pelas oportunidades da vivência escolar. Apontam, porém, para uma certa independência de suas práticas de letramento cotidianas em relação às da escola, independência esta conquistada em decorrência da experiência escolar ou preservada apesar dela.Palavras-chaveEducação de jovens e adultos; Letramento; Sentido e significado
RESUMO Este artigo visa contribuir com o debate a respeito dos modos como jovens e adultos estudantes da educação básica se apropriam das práticas de letramento que se constituem na abordagem escolar da leitura e da escrita. Focalizando um episódio extraído do material empírico produzido no acompanhamento de uma turma de educação de jovens e adultos em curso no ensino fundamental de uma escola pública de um grande centro urbano, analisamos os posicionamentos assumidos discursivamente pelos alunos, nas atividades de leitura e de escrita das quais participavam na sala de aula. Essa análise indica que os estudantes, como sujeitos de cultura e de conhecimento, mobilizam seus saberes relacionados aos usos da língua escrita para significar as práticas letradas escolares. A compreensão desses saberes nos auxilia a perceber a dimensão sociocultural das situações de ensino da leitura e da escrita e a necessidade de elas serem construídas baseadas no diálogo com os processos de aprender dos educandos.
Este artigo contempla questões da apropriação de práticas de numeramento no contexto escolar por estudantes jovens e adultos da educação básica. Consideramos essas práticas sociais que envolvem ideias, critérios e representações matemáticas como práticas de letramento, constituídas por modos de uso da língua escrita e informadas pelas relações que estabelecem com valores e conhecimentos relativos à cultura letrada. No âmbito do estudo aqui apresentado, analisamos as posições discursivas assumidas pelos sujeitos em interações em sala de aula ocorridas durante a correção de uma atividade de matemática em que se solicitava que os alunos indicassem a ordem de grandeza de alguns objetos e a expressão das medidas aproximadas no sistema métrico decimal. Enquanto a proposta escolar requeria a produção de estimativas em detrimento da referência em situações específicas, os estudantes produziram respostas que se apoiam em situações contextuais e buscam a precisão. A análise sugere que os processos de apropriação das práticas de numeramento escolares não se restringem a uma dimensão técnica, estando relacionados às maneiras de os sujeitos se apropriarem dos valores a elas vinculados. No jogo discursivo escolar, alunos e alunas assumem posições diversas, que ora se solidarizam com os modos de conhecer escolares, ora os questionam, colocando-se como sujeitos de aprendizagem, nos diversos modos de conhecer e se relacionar com o mundo.
Resumo: Este artigo discute modos como pessoas jovens e adultas estudantes da Educação Básica se apropriam das práticas de letramento escolares que demandam a produção de determinados gêneros textuais. Apoia-se, do ponto de vista teórico, em investigações que têm reiterado a necessidade de se considerar a dimensão sociocultural das práticas escolares para a compreensão dos processos de ensino e de aprendizagem da leitura e da escrita. Tais investigações mostram, ademais, que estudantes da EJA constroem modos de lidar com a língua que ora se aproximam, ora se distanciam das formas escolares. No âmbito do estudo aqui apresentado, as posições assumidas pelas estudantes participantes da pesquisa, em uma situação de produção de texto, permitiram-nos confrontar seus modos de se comunicar -que ocorrem, de forma privilegiada, por gêneros textuais orais informais produzidos cotidianamente -com os modos de comunicação escrita do contexto escolar -que, frequentemente, operam com situações hipotéticas e são vistos como regidos por princípios e procedimentos diferentes e distantes das práticas orais. O trabalho investigativo mostrou que o conhecimento das práticas de letramento de estudantes e de suas relações com as práticas escolares auxilia o professor a compreender o ensino da leitura e da escrita em sua dimensão sociocultural e a dialogar melhor com os processos de aprender que os educandos vivenciam. Palavras-chave: letramento, apropriação, Educação de Jovens e Adultos.Abstract: This article reflects on the ways in which youths and adults who are students of basic education (EJA) appropriate school literacy practices that require the production of certain genres and how they participate in those practices. Investigations in this field have reiterated the need to consider the sociocultural dimension of school practices in order to understand the teaching and learning processes of reading and writing. EJA students construct ways of dealing with language that sometimes get close to and sometimes move away from school forms. In the study presented here, the positions taken by students in a situation of text production enabled us to compare their ways of communicating -that occur mainly through informal oral texts which are produced daily -with the forms of written communication from the school context -that often operate with hypothetical situations and are seen as governed by principles and procedures that are different and distant from oral practices. The research project indicates that becoming familiar with the students' literacy practices and their relations with school practices helps us to understand the teaching process of reading and writing in its sociocultural dimension and to have a better dialogue with the learning processes that students experience.
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