Resumo: A partir de uma pesquisa qualitativa sobre sociabilidades de jovens vivendo com HIV/Aids, este artigo pretende trazer algumas reflexões sobre o lugar e importância das novas redes sociais para esse grupo, destacando alguns conflitos, dilemas e tensões cotidianas em torno da doença. Entre os anos de 2012 e 2015, foram identificados e acompanhados grupos de discussão online e redes sociais que agregam pessoas vivendo com HIV/Aids. Neste artigo, através da observação participante e entrevistas semiestruturadas online, destacamos a existência de grupos de suporte online construídos por pessoas vivendo com HIV/Aids, com o objetivo de obterem informação, conselho e apoio, ainda que, para além de seu suporte emocional e de informação, possam reproduzir valores morais. Destaca-se que as biotecnologias têm propiciado novos tipos de sociabilidades e organização social, produzidos a partir de critérios de saúde e características biológicas (somáticas). Novas formas de “mobilização social” estão sendo também viabilizadas através da internet: novos engajamentos e sentidos de pertencimento que parecem ser mais transitórios, pessoais, difusos ou “líquidos”. Por sua vez, essas novas formas de sociabilidade mostram também as múltiplas formas de viver com HIV/Aids.
Resumo Neste artigo, discutimos narrativas sobre as relações afetivo-sexuais de homens jovens vivendo com HIV/aids, com carga viral indetectável e possibilidade de não transmis-sibilidade do HIV. Realizamos dez entrevistas semiestruturadas com homens que fazem sexo com homens, entre 18 e 30 anos, acompanhados em um SAE - Serviço de Assistência Es-pecializada de Salvador-BA, em 2017. Nas narrativas em foco, a condição de indetectável aparece como uma mudança [bio]identitária importante, e sua manutenção como uma res-ponsabilidade contínua consigo e com o outro. Apesar de avanços biomédicos e das novas possibilidades interativas abertas nesse cenário, os efeitos estigmatizantes do HIV persistem, sustentados pelos discursos de medo e culpa por uma possível transmissão do vírus. Uma noção de corpos perigosos, de risco, em detrimento dos avanços alcançados com os estudos que indicam que indetectável=intransmissível.
Resumo Este artigo parte de uma discussão internacional sobre a intransmissibilidade do vírus HIV, quando a pessoa soropositiva está em tratamento e com carga viral indetectável. Trata-se de um dos resultados da pesquisa qualitativa sobre sociabilidades de jovens vivendo com HIV, com ênfase nos novos discursos/práticas biomédicos e seu impacto nas relações afetivo-sexuais desses/as jovens. Durante os meses de março a novembro de 2017, houve a interação com pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), com idade entre 18 e 30 anos, e médicos/as infectologistas de um Serviço de Assistência Especializada em Salvador-BA. Para além das mudanças significativas em relação ao HIV, decorrentes dos avanços atuais das biotecnologias, colocamos em pauta algumas controvérsias em torno da intransmissibilidade do vírus do ponto de vista de quatro médicos/as infectologistas. Realizamos entrevistas abertas e a leitura exploratória das narrativas, identificando temas, questões e atores que se deslocavam nos relatos em torno da condição de indetectável. Discutimos que a carga viral indetectável aparece como um assunto delicado/controverso nos consultórios médicos, atualizando a posição de PVHA como potencialmente perigosas, podendo reincidir em práticas sexuais desprotegidas ou “relaxar” no cuidado consigo e com o outro. São narrativas que suscitam questões éticas fundamentais na relação de cuidado, tais como o direito à informação na perspectiva da saúde como um direito humano.
This article examines narratives about promiscuity that are emphasized by some gay and bisexual men who are themselves living with HIV. We used semi-structured interviews to assess the processes, outcomes, and meanings of HIV diagnosis among 10 young gay and bisexual men aged between 18 and 30 years old. Interviews were conducted in health service settings for the diagnosis and treatment of HIV and AIDS in Salvador, Brazil. Based on a socioculturally oriented approach, the narratives suggest that discourse about promiscuity seems to persist, or is even strengthened, in order to explain HIV infection among young gays/bisexual men and to emphasize a more restrained sexual life following HIV diagnosis. Despite the biotechnologies and biomedical advances, some difficulties and tensions also persist in the daily life of young people living with HIV.Difficulties in starting new relationships, dilemmas around responsibility for infection/transmission, fear and guilt are elements that stand out in these narratives, demonstrating that HIV discourses and practices may produce greater stigma and discrimination in current times, individualizing and blaming certain people for the infection/transmission of the virus, and marginalizing practices that do not conform to hegemonic heteronormativity.
Studies indicate gaps in knowledge about the barriers to access and adhere to HIV pre-exposure prophylaxis (PrEP) in adolescents. In this article, we explore the perceptions and experiences of young gay, bisexual, and other men who have sex with men (YGBMSM) of the search, use and adherence to PrEP, considering their positions according to social markers of difference such as race/skin color, gender, sexuality, and social status. Intersectionality provides theoretical and methodological tools to interpret how the interlinking of these social markers of difference constitutes barriers and facilitators in the PrEP care continuum. The analyzed material is part of the PrEP1519 study and is comprised of 35 semi-structured interviews with YGBMSM from two Brazilian capitals (Salvador and São Paulo). The analyses suggest connections between social markers of difference, sexual cultures, and the social meanings of PrEP. Subjective, relational and symbolic aspects permeate the awareness of PrEP in the range of prevention tools. Willingness to use and adhere to PrEP is part of a learning process, production of meaning, and negotiation in the face of getting HIV and other sexually transmittable infections and the possibilities of pleasure. Thus, accessing and using PrEP makes several adolescents more informed about their vulnerabilities, leading to more informed decision-making. Interlinking the PrEP continuum of care among YGBMSM with the intersections of the social markers of difference may provide a conceptual framework to problematize the conditions and effects of implementing this prevention strategy, which could bring advantages to HIV prevention programs.
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