O presente artigo tem como objetivo reconstituir o surgimento do campo dos Estudos dos Letramentos Acadêmicos no Brasil, particularmente o daqueles inspirados por Brian Street. Para tanto, inicialmente, apresenta as principais influências estrangeiras das pesquisas nacionais que tomam como objeto as práticas sociais de uso da língua escrita na universidade; em seguida, recupera as grandes linhas da instauração disciplinar da vertente do letramento acadêmico no Brasil; e, por fim, reflete acerca das perspectivas futuras desses estudos no país a partir de sua relação com as Teorias do Texto, do Discurso e da Enunciação Résumé:Cet article a pour but de reconstituer l’émergence du champ des Études des Littératies Universitaires au Brésil, tout particulièrement de ceux inspirés par Brian Street. Pour y parvenir, on présente d’abord les influences étrangères principales des recherches nationales concernant les pratiques sociales d’usage de la langue écrite à l’université ; ensuite, on reprend les grandes lignes de l’instauration disciplinaire du champ de la littératie universitaire au Brésil ; pour finir, on réfléchit sur les perspectives futures de ces études au pays à partir de leur rapport aux Théories du Texte, du Discours et de l’Énonciation..
Este artigo objetiva responder à seguinte questão: como se constituem enunciativamente a escrita e a oralidade letrada na universidade? Para tanto, inicialmente realiza uma incursão pelos campos dos Estudos dos Letramentos Acadêmicos e da Teoria da Enunciação de Émile Benveniste, incursão esta que evidencia a relevância social de pesquisas acerca das práticas letradas acadêmicas e o potencial de um diálogo interdisciplinar entre tais pesquisas e as teorias textuais, discursivas e enunciativas. Em seguida, a partir da perspectiva enunciativa benvenistiana, desenvolve uma concepção de escrita e oralidade acadêmicas como formas complexas do discurso letrado por meio das quais o locutor-aluno apropria-se dos conhecimentos disciplinares e das convenções escriturais próprias ao seu campo do saber, instaurando-se, assim, como sujeito de linguagem nas culturas de escrita acadêmica.
Este artigo defende que a teoria da linguagem de Émile Benveniste abre possibilidades para os estudos em aquisição da linguagem. Para tanto, realiza-se um duplo movimento: retrospectivo, com o retorno às reflexões benvenistianas sobre a relação da criança com sua língua materna e a escrita dessa língua; prospectivo, com a análise de recortes enunciativos de experiências da criança na linguagem. Em ambos os movimentos, salienta-se a questão do simbolismo da linguagem como fundamento da abstração e princípio da imaginação criadora e, consequentemente, como condição da constituição da criança enquanto falante e escrevente em sua língua materna.
O presente estudo propõe-se a responder à seguinte questão: como a relação eu-tu (intersubjetividade) / ele (referência) contribui para a constituição da criança como falante de sua língua materna e participante da sociedade dessa língua? Para tanto, a partir da teorização enunciativa de Émile Benveniste sobre a referência e do deslocamento dessa teorização para o campo aquisicional operado por Silva (2009), analisam-se dados de fala de uma criança em processo de aquisição da linguagem. Os resultados da análise indicam mudanças na relação criança-linguagem vinculadas à língua, ao discurso e à própria criança enquanto falante e ouvinte de sua língua materna e participante da sociedade dessa língua, na medida em que é nas relações com o outro e com a cultura via enunciação que a criança apreende, com os signos da língua, os objetos e as situações do mundo por eles representados.
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